Controladores da Raízen estudam venda de participação para Mitsubishi, dizem fontes

Conversas estão em estágio inicial, disseram fontes à Bloomberg News; em fato relevante da Raízen, Cosan diz que tem avaliado com a Shell potenciais investidores para capitalização e que não houve aprovações ou eventos vinculantes até o momento

Photographer: Victor Moriyama/Bloomberg
Por Dayanne Sousa - Cristiane Lucchesi - Rachel Gamarski
02 de Setembro, 2025 | 10:34 AM

Bloomberg — Os acionistas que controlam a produtora brasileira de açúcar e etanol Raízen estão em negociações para vender uma participação à japonesa Mitsubishi como parte de um plano para levantar capital, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto que falaram com a Bloomberg News.

As conversas estão em um estágio inicial, e a Mitsubishi ainda pondera se fará uma proposta por ações da Raízen, disseram as pessoas, que pediram para não serem identificadas porque as negociações são privadas.

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A Raízen (RAIZ4) é uma joint venture entre a holding brasileira Cosan (CSAN3), de Rubens Ometto, e a produtora global de petróleo Shell, sediada em Londres.

A Cosan busca uma injeção de capital de R$ 10 bilhões (US$ 1,8 bilhão) para que a Raízen reduza sua dívida crescente, disseram as pessoas.

O Itau BBA trabalha com a Cosan, a Lazard, com a Shell, e o Citigroup com a Raízen como assessores financeiros.

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A Cosan, a Shell, a Raízen e a Mitsubishi não quiseram comentar, assim como o Itaú e o Citigroup. A Lazard não respondeu imediatamente a um pedido de comentário.

A Raízen reportou um prejuízo líquido de R$ 1,84 bilhão no primeiro trimestre, com a dívida aumentando em relação aos lucros, uma vez que a empresa tomou empréstimos para substituir contratos com fornecedores.

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A dívida líquida - medida pela alavancagem - atingiu 4,5 vezes o Ebitda (lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização), de acordo com a XP.

Leia também: Raízen está em ‘negociações ativas’ para injeção de capital, diz CFO

As ações da Raízen caíram 43% neste ano, o que avalia a empresa com sede no Rio de Janeiro em R$ 12,8 bilhões.

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O diretor financeiro da Raízen, Rafael Bergman, disse em uma teleconferência em 14 de agosto que a Raízen está em negociações ativas com seus acionistas controladores para uma injeção de capital.

Em fato relevante nesta manhã de terça-feira, depois da publicação da notícia da Bloomberg News, a Raízen disse que recebeu comunicado da Cosan, que afirmou que “tem avaliado em conjunto com a Shell potenciais investidores para uma transação de capitalização em Raízen, conforme já comentado na teleconferência de resultados do segundo trimestre pela companhia e pela Raízen”.

“Não há, entretanto, quaisquer aprovações ou eventos vinculantes até o momento”, disse a Cosan, que afirmou que “eventuais desenvolvimentos relevantes serão prontamente divulgados, em conformidade com a regulamentação aplicável”.

A Cosan, controlada pelo bilionário Rubens Ometto, está em modo de desinvestimento, com um plano de venda de ativos e desaceleração da expansão, à medida que os custos mais altos de empréstimos no Brasil abalam suas finanças.

A Cosan não planeja injetar seu próprio capital na Raízen, mas “gosta” da alternativa de trazer um parceiro estratégico para investir, disse o CEO Marcelo Martins em uma teleconferência em 15 de agosto.

-- Com a colaboração de Koh Yoshida.

-- Matéria atualizada às 10h57 de 2 de setembro com as informações do fato relevante divulgado pela Raízen.

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