Como o setor de tag veicular quer dobrar de tamanho e chegar a 30 milhões de clientes

Com o aumento das concessões rodoviárias e do sistema de passagem livre, conhecido como ‘free flow’, o setor se prepara para uma rápida expansão do número de veículos com o serviço

praça pedágio crédito Shutterstock
25 de Setembro, 2025 | 06:00 AM

Bloomberg Línea — Em um mercado ainda concentrado na região Sudeste, especialmente São Paulo e Rio de Janeiro, as operadoras de pagamento automático veicular, as empresas de tags, se preparam para dobrar o número de clientes em meio ao avanço das concessões rodoviárias.

A expectativa do setor é sair dos atuais 15 milhões de clientes para 30 milhões nos próximos três anos, segundo projeção da Associação Brasileira das Empresas de Pagamento Automático para Mobilidade (Abepam). Em 2024, esse volume era de 12 milhões de tags.

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“As transações têm crescido não só no Sudeste mas em outras regiões, como nas rotas do agro. Com o tamanho da frota brasileira de veículos, achamos que o número de tags ainda é baixo”, afirmou o vice-presidente da Abepam e diretor de negócios e produtos da ConectCar, Newton Ferrer, em entrevista à Bloomberg Línea.

A Abepam reúne todas as empresas do setor de tags: ConectCar, MoveMais, Taggy, Sem Parar e Veloe. De acordo com a entidade, os dispositivos de pagamento são aceitos em 100% da malha rodoviária pedagiada do país e em mais de dez mil estabelecimentos comerciais, como shopping centers e postos de combustíveis, por exemplo.

Apesar do número expressivo de tags ativas, uma boa parcela é de caminhões, que têm alta recorrência nas estradas.

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Segundo a Abepam, um veículo pesado chega a transacionar por mês, em média, quase 20 vezes mais que um usuário comum de veículo leve.

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Neste sentido, Ferrer vê potencial para crescimento do dispositivo na frota leve.

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Um dos principais estímulos para o avanço das tags, destaca o executivo, é a implementação nas rodovias do chamado free flow: sistema de cobrança automática sem paradas, que elimina cancelas e praças de pedágios ao usar pórticos com câmeras e sensores que identificam a placa do veículo ou a tag.

O free flow começou a ser implementado em trechos de concessões litorâneas em São Paulo, como na Tamoios, por exemplo. Mas um importante teste para o modelo de cobrança deve acontecer na principal rodovia do país, que liga São Paulo ao Rio, a Via Dutra.

Sob concessão da Motiva (MOTV3), ex-CCR, o free flow deve começar a funcionar em breve no trecho entre São Paulo e Arujá. Entre os diferenciais inéditos do sistema, estão a cobrança adicional em pistas expressas e gratuidade nas pistas locais, além de tarifas dinâmicas, que em horários de pico podem ficar mais caras e, em períodos de menor movimento, mais baratas.

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Na visão de Ferrer, as operadoras de tags prestam um serviço que gera grande eficiência nas rodovias.

“O cliente que usa esse meio automático traz redução de custo para as concessionárias em torno de 10% a 20%, dependendo do modelo da concessão”, afirma o executivo. “Nosso pleito junto aos reguladores é que o uso do pagamento automático seja incentivado para se ter mais conveniência e até mesmo benefício financeiro”, acrescenta.

abepam

Hoje, já vigora em algumas rodovias federais e estaduais o Desconto Básico de Tarifa (DBT), uma redução automática de 5% nas tarifas para usuários que utilizam a tag, além do Desconto de Usuário Frequente (DUF), com reduções que podem ultrapassar 90% dependendo da frequência.

Entre os pleitos defendidos pela Abepam junto ao poder público está a ampliação desses descontos. Para Ferrer, a infraestrutura necessária para praças de pedágios é extremamente cara. “Além de pessoas para cobrar, é necessário ter dinheiro nas praças, sangria [retirada do dinheiro], todo um aparato que já não faz mais sentido.”

Criação de valor para o usuário

Segundo levantamento recente da Abepam, as associadas oferecem mais de 35 planos e condições diferentes para os clientes. As tags atreladas a cartão de crédito ou conta digital também cresceram.

“Cada empresa tem seu plano, mas quando saímos do ambiente regulado, é possível fazer pagamentos de inúmeras formas, mas principalmente quando o carro está em movimento, como em shoppings, postos de combustíveis e drive-thrus”, diz Ferrer.

Em sua avaliação, o Brasil está muito à frente de outros países no setor de pagamentos automáticos por tag.

“Nosso país se destaca porque, de norte a sul, a tag é aceita se tiver pedágio automático. Com a evolução da tecnologia, o Brasil consegue levar mais segurança e conveniência ao cliente e, acredito que em pouco tempo, só teremos cobrança eletrônica nas rodovias.”

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