‘Como Falar Faria Limês’: as falhas de urbanismo da Faria Lima

Rafael Birmann, incorporador imobiliário do famoso ‘prédio da Baleia’, o B32, é o convidado do terceiro episódio do novo videocast da Bloomberg Línea; confira o programa

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Bloomberg Línea — A Faria Lima, que abriga o principal centro financeiro de São Paulo e do Brasil, enfrenta uma série de desafios relacionados à urbanização que se refletem no intenso tráfego de veículos que congestiona as ruas e demais avenidas da região durante grande parte do dia, além dos horários de pico.

E não só de carros e motocicletas: em dezembro de 2023, a Companhia de Engenharia de Tráfego (CET) da capital paulista registrou um congestionamento de bicicletas na ciclofaixa que corta a avenida, com as mais de 2.500 bikes que circulam por ali todos os dias.

Com uma concentração de escritórios de bancos, gestoras e corretoras e uma das maiores densidades demográficas do país, a área enfrenta desafios como a falta de espaço público e pouca interligação entre os bairros adjacentes, que abrigam vários restaurantes e comércios e que, segundo Rafael Birmann, incorporador imobiliário que atua na Faria Lima desde os anos 1990, poderiam atender os escritórios.

Birmann participou da construção do primeiro prédio do Morgan Stanley na cidade e é o empresário por trás do Birmann32, que ficou conhecido como “o prédio da Baleia , por causa da escultura na sua área de entrada, e que fica praticamente na esquina da avenida Faria Lima com a Juscelino Kubistchek.

Segundo ele, a região - pensada essencialmente para carros - tem avenidas largas e pouca integração dos edifícios com as áreas públicas, como calçadas, uma tendência que, diga-se de passagem, foi replicada em outras áreas de São Paulo ao longo das últimas décadas.

“A coisa mais negativa em relação ao urbanismo são as cidades que ficam mortas à noite. Múltiplas atividades geram múltiplas ocupações em diferentes horários, o que dá vida a uma cidade. A Faria Lima tinha que se integrar a isso”, disse Birmann durante episódio do novo videocast da Bloomberg Línea, “Como Falar Faria Limês, gravado no estúdio da B3, em São Paulo.

A avenida foi criada e construída nos anos 1960, em uma área de várzea do rio Pinheiros para servir de ligação entre os bairros de Pinheiros e Brooklin.

A tendência de valorização dessa região tem se refletido também no mercado imobiliário residencial, com novos empreendimentos de alto padrão. Somente no bairro do Itaim Bibi, que é cortado pela Faria Lima, são cerca de 80.500 residentes, segundo o Censo de 2010 da prefeitura de São Paulo.

Algumas das ruas com o metro quadrado mais caro da cidade e do país estão na região, como a Leopoldo Couto Magalhães, que corta justamente a Faria Lima.

Com a presença de bolsões de prédios de escritórios, sem comércio nos térreos, parte do deslocamento na região para o atendimento da população é feita de carro ou de ônibus, o que aumenta o tráfego.

“Em 1950, foi feito aquele prédio famoso, o Conjunto Nacional, que era colado na divisa da quadra, cheio de lojas, restaurantes. Era um conceito com fachada superativa. Mas, de lá para cá, surgiram outros planos diretores, zoneamentos com conceitos totalmente antagônicos a isso, o que afastou as pessoas desses espaços”, contou Birmann.

Como Falar Faria Limês

A conversa com Rafael Birmann faz parte do videocast “Como Falar Faria Limês”, nova série da Bloomberg Línea que é gravada nos estúdios da B3, em São Paulo. A série com oito episódios tem como convidados profissionais de diferentes áreas para mergulhar no coração do mundo financeiro e corporativo brasileiro de forma divertida, acessível e esclarecedora.

Os debates abordam desde conceitos fundamentais de negócios até questões sociais e culturais, incluindo a presença de mulheres na Faria Lima e o espaço da comunidade LGBTQIA+. O primeiro episódio, sobre startups e venture capital, também está disponível no YouTube e no Spotify.

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