Com Advent no controle, Skala e Lola From Rio se unem em grupo de R$ 2 bi em receita

Gigante de private equity dobra a aposta no setor de beleza no Brasil, um ano depois de seu investimento inicial na Skala. Rafael Patury, sócio da Advent para a América Latina, contou o racional do negócio à Bloomberg Línea

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Bloomberg Línea — Pouco mais de um ano após anunciar a aquisição de mais de 50% na empresa de cosméticos Skala, a Advent International dobra a aposta no universo da beleza no país.

A empresa de private equity será sócia majoritária de uma nova holding formada pela Skala e pela Lola From Rio, marca fundada em 2011 que faturou R$ 500 milhões no ano passado.

O negócio forma um grupo de beleza com receita próxima a R$ 2 bilhões em 2024 e presença em mais de 80 países. O movimento envolve uma fusão entre os dois negócios, com troca de ações entre os fundadores das duas empresas, e um aporte adicional de valor não revelado da Advent para apoiar a nova operação.

A transação está sujeita à aprovação do Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Os recursos para a transação saem do LAPEF VII, fundo de US$ 2 bilhões dedicado à América Latina.

“Nós ficamos muito super satisfeitos com o investimento na Skala, a empresa vem crescendo bastante tanto no Brasil quanto fora do Brasil”, afirmou Rafael Patury, sócio da Advent para a América Latina, à Bloomberg Línea.

“E, com essa expansão, nos aproximamos muito da Lola, que vem crescendo bastante também. Percebemos que as empresas tinham potencial de se tornarem maiores juntas”, disse o executivo.

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Com mais de US$ 91 bilhões sob gestão globalmente, a Advent tem avançado na área de beleza nos últimos anos.

O portfólio global inclui nomes como a Olaplex, que abriu o capital na Nasdaq, e as casas de fragrâncias francesas Parfums de Marly e Initio Parfums.

A partir do novo grupo, com a entrada da Lola, a estratégia da gestora passa por conectar e promover trocas entre a nova investida e os demais negócios no portfólio global.

“O principal ganho é acesso ao ecossistema que nós temos globalmente, com investimentos no mundo todo, principalmente no setor de beleza”, disse Patury.

As duas marcas têm expandido as suas pegadas fora do Brasil.

A Skala obtém cerca de 20% da receita em outros países, com os Estados Unidos sendo o principal mercado.

A Lola, por sua vez, marca conhecida pela identidade visual mais colorida e por nomes curiosos dos produtos, chegou a 10% das receitas fora do Brasil no ano passado, com o crescimento puxado por países ibéricos.

“Nós estamos fazendo investimento relevante para suportar o crescimento. Tem bastante investimento em fábrica, infraestrutura, centro de distribuição”, afirmou Patury.

Nova estrutura dos negócios

As duas empresas manterão a atuação com estruturas separadas e sedes independentes - Uberaba e São Paulo, no caso da Skala, e Rio de Janeiro, na Lola.

A gestão da holding ficará sob a responsabilidade de Luis Delfim, que ocupava a posição de CEO da Skala desde o começo deste ano.

De acordo com o executivo, o primeiro passo do novo grupo será em capturar as sinergias entre os dois negócios, incluindo áreas como relacionamento comercial, logística e pesquisa e desenvolvimento (P&D).

“Tem muita sinergia da porta para fora na conexão comercial ou de infraestrutura logística. É aqui que nós enxergamos que vai gerar mais valor para todos os acionistas”, afirmou também em entrevista à Bloomberg Línea.

A Skala anunciou recentemente o investimento de R$ 150 milhões para a construção de uma nova fábrica em Uberaba, além de um centro de distribuição (CD) no Nordeste.

Em maio, a empresa inaugurou um CD no estado do Texas, nos Estados Unidos, para atender a demanda local. Por sua vez, a Lola prevê a abertura de um novo centro de distribuição em São Paulo ainda neste ano.

Os investimentos acompanham o crescimento de ambos os negócios.

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A Skala tem crescido 25% a cada ano, segundo dados internos, e ocupa uma posição de destaque entre as maiores marcas de haircare do Brasil, além de ser líder em cremes de tratamento. Fundada em Uberaba, no Triângulo Mineiro, a marca tem como apelo a acessibilidade dos produtos.

Nos últimos anos, viralizou nas redes sociais com os seus “potes 2 em 1”, o que contribuiu para a expansão internacional. A empresa tem clientes em 82 países atualmente.

“Hoje, 20% da nossa vem de fora, enquanto um ano atrás eram 10%. Ou seja, nós tivemos um crescimento relevante. Continuamos crescendo no Brasil, mas ainda mais fortes no mercado internacional”, afirmou Delfim.

Foi essencial neste período, segundo o executivo, montar uma estrutura de suporte para essa expansão, com um time com mais de 20 pessoas. E ainda reformular a cadeia de distribuidores e criar novos pacotes comerciais.

Para a Lola from Rio, a fusão surge com uma forma de usar parte desse esforço e da capilaridade construída ao longo dos anos pela Skala para potencializar os seus resultados.

Fundada em 2011 por Dione Vasconcellos, Jaqueline Vasconcellos e Milton Taguchi, três gaúchos vivendo no Rio de Janeiro, a marca busca se posicionar entre os mercados intermediário e premium e opera hoje em 40 países.

A empresa cresceu mais de 180% nos últimos três anos - 80% apenas em 2024.

“Chega um momento em que, por mais que se profissionalize a empresa, seja saudável, possa investir em planta, time, inovação e em tecnologia, você se pergunta: por que não unir forças?”, disse Pedro Taguchi, Chief Operating Officer (COO) da Lola, ao explicar o que atraiu a empresa para o acordo.

Os três fundadores entram para o conselho de administração do novo grupo, que ainda não tem nome.

O board é composto ainda por Antonio Sousa, ex-CEO da Skala e representante dos acionistas fundadores, Alberto Carvalho (ex-CEO da Procter & Gamble no Brasil e ex-head da Gilette nos Estados Unidos) e Andrea Mota (ex-diretora executiva do Boticário), além de representantes da Advent.

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