Chipotle e Shake Shack sofrem com demanda fraca de público mais jovem nos EUA

Consumidores mais jovens reduzem as compras de refeições nos segmentos de fast food e casual à medida que enfrentam o desemprego e o crescimento mais lento dos salários na maior economia do mundo, dizem executivos das redes

Redes como a Chipotle se mostram mais vulneráveis à desaceleração do crescimento dos salários e ao desemprego dos clientes mais jovens
Por Charles Gorrivan - Reade Pickert
02 de Novembro, 2025 | 01:13 PM

Bloomberg — Consumidores mais jovens parecem que estão perdendo o apetite por restaurantes fast-casual outrora favoritos, como Chipotle e Shake Shack, à medida que enfrentam o desemprego e o crescimento mais lento dos salários, isso sem entrar no mérito de mudanças comportamentais como a busca por alimentação mais saudável.

Executivos de ambas as empresas citaram os desafios enfrentados por clientes mais jovens, que foram duramente atingidos por um mercado de trabalho de “poucas contratações e poucas demissões”, no qual os recém-formados lutam para encontrar um emprego de nível básico.

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O grupo demográfico que antes ajudava a impulsionar o boom do fast-casual agora parece deixar de comer fora.

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As ações da Chipotle Mexican Grill caíram na quinta-feira (30), depois que a cadeia de burritos cortou suas perspectivas pela terceira vez este ano. O CEO da Chipotle, Scott Boatwright, disse que a faixa etária dos vinte e poucos aos trinta e poucos anos é um “segmento particularmente desafiador”.

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“Esse grupo enfrenta vários ventos contrários, incluindo desemprego, aumento do pagamento de empréstimos estudantis e crescimento mais lento dos salários reais”, disse Boatwright na teleconferência de resultados da empresa.

Ele acrescentou que cerca de 25% das vendas da Chipotle são provenientes de clientes dessa faixa etária, o que representa uma parcela maior em relação ao restante do setor.

A Chipotle também observa um recuo daqueles que ganham menos de US$ 100.000 por ano, disse ele.

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Executivos da Shake Shack fizeram observações semelhantes, com o CEO Rob Lynch dizendo que o desemprego entre os grupos mais jovens “obviamente impacta” o setor. Ele também destacou “alguma pressão sobre os consumidores de baixa renda” durante a teleconferência da empresa.

Muitos grupos de consumidores estão sentindo o aperto, mas os grupos de baixa renda e os trabalhadores mais jovens estão especialmente pressionados.

A taxa de desemprego para pessoas com idades entre 25 e 34 anos começou a subir novamente nos últimos meses, após um declínio em meados do ano.

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A taxa de desemprego para esse grupo foi de 4,4% em agosto, o nível mais alto desde fevereiro, de acordo com os dados mais recentes do Bureau of Labor Statistics.

E o desemprego entre as pessoas de 20 a 24 anos aumentou 1,7 ponto percentual desde o final de 2024, chegando a 9,2% em agosto - o maior patamar em mais de quatro anos.

Os ganhos salariais para pessoas de 25 a 29 anos também diminuíram para um dos ritmos mais fracos desde 2011, quando o JPMorganChase Institute começou a coletar dados e a economia ainda estava se recuperando da Grande Recessão de 2008.

“Acreditamos que essa tendência não é exclusiva da Chipotle e está ocorrendo em todos os restaurantes, bem como em muitas categorias discricionárias”, disse Boatwright, referindo-se às pressões entre os consumidores mais jovens.

O problema não é a concorrência, acrescentou ele, citando dados da empresa que mostram que a Chipotle ganha participação de mercado entre os clientes mais jovens. “Estamos perdendo-os para mercados e a comida em casa.”

-- Com a colaboração de Julia Fanzeres.

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