CFO da MRV vê recuperação dentro do esperado após ‘prejuízo contratado’ com Resia

Ricardo Paixão disse à Bloomberg Línea que ‘impairment’ da empresa de multifamily nos EUA gerou impacto previsto no resultado e destacou que grupo tem cumprido os guidances

Empreiteiros trabalham em prédio em São Paulo
13 de Agosto, 2025 | 08:45 AM

Bloomberg Línea — A MRV&Co voltou a ser impactada pela operação americana do grupo em seu resultado do segundo trimestre. A companhia teve prejuízo líquido ajustado de R$ 774,7 milhões no período, em reversão ao lucro de R$ 29,3 milhões na mesma janela de 2024.

A responsável pelo impacto negativo no balanço foi novamente a Resia, subsidiária focada no mercado de multifamily dos Estados Unidos. Sozinha, a divisão registrou prejuízo líquido de R$ 886,9 milhões no trimestre.

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Desta vez, no entanto, o resultado negativo já estava contratado, segundo avaliação do CFO, Ricardo Paixão.

“Quase que a totalidade do prejuízo veio da operação de Resia, efeito do impairment que anunciamos um mês atrás", afirmou em entrevista à Bloomberg Línea.

A companhia reconheceu uma baixa contábil em razão da redução no valor recuperável de ativos de US$ 144 milhões, referente à subsidiária americana.

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A operação ajusta o valor contábil de terrenos que foram vendidos abaixo do custo e desinvestimento de quatro projetos, também abaixo do preço de custo.

A medida faz parte do plano de reestruturação da Resia, com expectativa de venda de US$ 800 milhões em ativos da divisão até o final de 2026.

“Fizemos tudo de uma vez: é algo que ocorre apenas este trimestre e acabou”, disse Paixão. A estimativa é que, sem o impacto do impairment, o grupo poderia ter tido lucro de aproximadamente R$ 25 milhões.

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Carro-chefe da MRV, a divisão de incorporação nacional com as marcas MRV e Sensia teve lucro de R$ 88,3 milhões no segundo trimestre, abaixo da média de projeções da Bloomberg, que estimava resultado de R$ 106 milhões.

A loteadora Urba, por sua vez, teve lucro de R$ 5,6 milhões, enquanto a Luggo, divisão de prédios para locação, registrou prejuízo de R$ 19 milhões.

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Velocidade da recuperação

A MRV tem sido impactada em seus resultados desde o período imediatamente pós-pandemia, com margens menores que projetos de safras mais antigas ainda exerciam. A incorporadora vem “limpando” o balanço desde então.

“Não é a velocidade de recuperação que gostaríamos, mas é a velocidade esperada. Tanto que temos cumprido fielmente os guidances dos últimos dois anos”, argumentou.

Entre os indicadores que validam a retomada na incorporação brasileira, Paixão destacou a margem bruta, que avançou 4,1 pontos percentuais na comparação anual, para 30,2%. Já o Ebitda da divisão subiu 63,1%, para R$ 467 milhões.

A expectativa da companhia é que a geração de caixa também ganhe um impulso no segundo semestre com mais unidades repassadas ao financiamento do que produzidas – uma inversão da tendência do início do ano.

No cenário macroeconômico, a MRV conta ainda com o impulso do Minha Casa Minha Vida (MCMV), que tem embalado os bons resultados de concorrentes de baixa renda.

“Temos aproveitado o bom momento do programa tanto quanto o resto do setor. Isso ainda não está aparecendo nos nossos indicadores financeiros de forma plena, mas é uma questão de timing.

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Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.