CEO da Vale diz que a mineradora brasileira tem que se tornar a maior do mundo

Em evento nesta sexta, Gustavo Pimenta afirmou que a companhia tem posição privilegiada para suprir a demanda global, com destaque para minerais críticos; ‘Eles serão o petróleo do próximo século’

Gustavo Pimenta, CEO da Vale
27 de Junho, 2025 | 05:21 PM

Bloomberg Línea — A Vale (VALE3) quer se tornar a maior mineradora do mundo, recuperando posições perdidas ao longo dos últimos anos, afirmou o CEO Gustavo Pimenta.

Segundo o executivo, atualmente a companhia é a nona maior mineradora do mundo em valor de mercado. Em 2010, era a segunda maior, relatou Pimenta, com valor de US$ 170 bilhões, atrás apenas da australiana BHP.

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“A Vale não tem que ser a décima, eu não aceito, precisamos mudar isso. A companhia tem que ser a maior mineradora do mundo, porque estamos sentados no maior endowment minerário do mundo, precisamos destravar o valor da companhia”, disse o CEO, durante apresentação nesta sexta-feira (27) promovida pelo grupo LIDE.

As principais concorrentes da Vale continuam sendo as australianas Rio Tinto, BHP e a Fortescue, que têm operações mais próximas do maior mercado consumidor de commodities do mundo, a China.

Pimenta destacou que os minerais críticos serão fundamentais para a descarbonização, o que inclui o minério de ferro de alto teor. “Não existe inteligência artificial sem minerais críticos, que serão o petróleo do próximo século. E a Vale tem posição especial neste mercado.”

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Ele lembrou que, em 2024, a companhia produziu 328 milhões de toneladas de minério de ferro e que a meta é atingir 360 milhões de toneladas, retomando o posto de maior do mundo nesse produto específico. “É uma posição que não deveríamos ter perdido, com a diferença de que podemos ofertar minério de ferro de alto valor.”

No início do ano, a companhia lançou o programa “Novo Carajás”, no Pará, com investimentos de até R$ 70 bilhões. O objetivo, relatou, é retomar os volumes de produção de minério de ferro, que hoje giram em torno de 175 milhões de toneladas na região. “Queremos subir esse volume para 200 milhões de toneladas.”

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Ele acrescentou que a região também tem potencial para impulsionar a produção brasileira de cobre, considerado essencial para a transição energética. “O Brasil ficou para trás na oferta de minerais críticos para transição energética, particularmente o cobre”, ressaltou.

Em sua visão, o potencial de desenvolvimento do cobre vai acontecer no Chile e no Brasil, enquanto o Congo e a Argentina são potenciais candidatos. “O Brasil cresceu pouco, mas o potencial de desenvolvimento do cobre principalmente na região de Carajás é enorme, estamos focados no crescimento do metal”, diz. “Assumimos o compromisso de dobrar o volume de produção de cobre da Vale nos próximos 10 anos”, acrescentou.

Ainda em minerais críticos para a descarbonização, o executivo citou que o níquel passa por um desafio de excesso de oferta global.

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“Nós estamos bem posicionados [neste mercado], nosso níquel é produzido no Canadá, principal fornecedor do mercado americano. Trata-se de um ativo importante, que passa por uma situação desafiadora, mas a visão de longo prazo é de continuar sendo um ativo estratégico”, disse Pimenta.

O executivo afirmou que o superciclo de commodities impulsionado pela China, responsável por 60% da produção global de aço, se baseou no suprimento do mercado imobiliário chinês.

Após o setor enfrentar uma grande crise, o país asiático rapidamente redirecionou esforços para a manufatura, com destaque para carros elétricos, o que amorteceu parcialmente a queda da demanda por minério de ferro.

Ele acrescentou que a produção de aço da China segue no patamar de um bilhão de toneladas, mas com um mix um pouco diferente.

Preços do minério de ferro

A Vale estima que, se a cotação do minério de ferro cair para um patamar entre US$ 85 e US$ 90 por tonelada, provavelmente cerca de 150 milhões de toneladas de oferta no mundo passam a operar no prejuízo e, neste sentido, devem sair do mercado. “Com isso, o preço deve ser corrigido”, diz Pimenta.

Atualmente, o patamar de preço do minério de ferro está na casa dos US$ 93 por tonelada, ante US$ 105 no início deste ano.

Na visão do executivo, o segundo semestre vai continuar com demanda firme. “Obviamente, as questões geopolíticas são variáveis incertas, que podem ter algum impacto aqui ou ali, mas do ponto de vista de demanda na ponta devemos ter um período forte, puxado pela atividade chinesa.”

Segundo Pimenta, o impacto das tensões geopolíticas é secundário, diante do risco de crescimento menor da economia global.

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.