O Grupo Bimbo, a maior panificadora do mundo, chegou a um acordo com as autoridades brasileiras para comprar seis empresas da produtora local Wickbold, em face das preocupações com a concorrência.
Como parte do acordo, a Bimbo deve vender a marca Nutrella de pães saudáveis, enquanto a Wickbold deve alienar a marca Tá Pronto de tortilhas e wraps, disse o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade) em um comunicado.
“O pão industrializado é um produto presente na mesa dos brasileiros diariamente. Não é apenas um produto de conveniência; é um componente central da dieta e do orçamento familiar, portanto, defender essa rivalidade assume um aspecto ainda mais delicado aqui”, disse a conselheira-relatora do Cade, Camila Pires-Alves, citada no comunicado.
Leia também: Café especial do Brasil já sente efeito das tarifas. E teme não recuperar espaço
O acordo alcançado com os órgãos reguladores no Brasil, o maior mercado da América Latina, permitirá que a Bimbo conclua nas próximas semanas a compra da Wickbold acordada em novembro de 2024.
“A adição das conhecidas marcas da Wickbold fortalece nosso portfólio e consolida uma plataforma robusta para o crescimento sustentável, permitindo-nos gerar ainda mais valor para nossos clientes, consumidores e acionistas”, disse Rafael Pamias, CEO do Grupo Bimbo, em um comunicado distribuído à Bolsa de Valores do México.
O valor da transação não foi divulgado. A Bimbo emitiu MXN$ 15 bilhões em dívidas no início de 2025 para apoiar a compra da Wickbold e da Don Don da Eslovênia, como parte de sua estratégia de crescimento por meio de aquisições estratégicas.
A Wickbold é um conglomerado familiar que atua no mercado de panificação desde 1938. O Grupo é composto por 10 empresas, seis das quais fazem parte do acordo de compra e venda com a Bimbo, incluindo as marcas Wickbold e Seven Boys.
A operação envolverá a absorção de 2.700 funcionários.
O fechamento da aquisição no Brasil enfrentou problemas de concorrência.
A Superintendência Geral do Conselho Administrativo de Defesa Econômica contestou a aquisição do Grupo Wickbold pela Bimbo, e a transação foi enviada ao Tribunal do Cade com uma recomendação de aprovação sujeita a remédios estruturais.
Além dos desinvestimentos, o acordo alcançado com o Cade também inclui o compromisso da Bimbo de usar somente a marca “Rap10” nos próximos três anos para oferecer tortilhas em todo o Brasil.
A empresa mexicana também não poderá firmar acordos de exclusividade com varejistas da região Centro-Oeste sobre pães conhecidos como bisnagas e bisnaguinhas nos próximos três anos.
Leia também: Depois do táxi aéreo, Líder Aviação mira o agronegócio com nova base em Goiás
“O aval da autoridade de concorrência, embora sujeito a condições, abre as portas para a expansão do portfólio e da escala operacional da Bimbo no maior mercado da América Latina”, escreveu Marcela Muñoz, analista da Vector, em uma nota sobre o anúncio.
A Bimbo opera no Brasil desde 2001 e a empresa mexicana aumentou sua presença por meio de aquisições de empresas locais, como Plus Vita, Pullman e Nutrella.
Leia também
Brasil ganha protagonismo climático com recuo dos EUA, diz líder da Converge Capital