BYD perde terreno para rivais na China, e analistas cortam projeções para 2025

Líder no mercado de elétricos, montadora chinesa registrou queda de 8% nas vendas de automíveis em junho enquanto marcas como Geely, Xpeng e Xiaomi atraíram consumidores

Carro elétrico China
Por Danny Lee
21 de Julho, 2025 | 02:37 PM

Bloomberg — Se manter no topo não é fácil para a maior montadora da China, e novos obstáculos se aproximam no horizonte.

As vendas mensais da BYD têm patinado ultimamente e, com a chegada do verão no hemisfério Norte - período tradicionalmente mais fraco para o setor automotivo no país -, essa situação não deve melhorar tão cedo.

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Os descontos também passaram a incomodar Pequim. Na semana passada, a China se comprometeu a frear a “competição irracional” no setor de veículos elétricos, sinalizando que as autoridades querem acabar com as guerras de preços que vêm prejudicando o crescimento econômico e industrial do país.

Algumas das investidas da BYD no mercado internacional também têm se mostrado mais complicadas que o previsto, levantando uma questão importante: será que a montadora número 1 da China está em terreno instável?

A gigante de Shenzhen não deve bater sua meta de vendas para 2025, o que seria um tropeço raro depois de anos seguidos de crescimento acelerado.

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Para cumprir o objetivo, a empresa precisaria vender 560 mil veículos elétricos e híbridos por mês até dezembro - patamar bem acima do que consegue normalmente. O recorde mensal da BYD foi de pouco menos de 515 mil unidades, registrado em dezembro passado.

Os analistas agora duvidam que a BYD consiga chegar às 5,5 milhões de unidades em 2025. As projeções do mercado continuam sendo revisadas para baixo.

Leia também: Guerra de preços ‘irracional’ entre BYD e rivais em elétricos vira alvo de Pequim

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BYD May Miss Its Annual Sales Target | Doubts are growing that BYD can sell 5.5 million vehicles this year

O Deutsche Bank informou este mês que agora espera 5 milhões em vendas no atacado (entregas para as concessionárias) em 2025, sendo 4 milhões no mercado doméstico e 1 milhão no exterior.

Já o Morgan Stanley baixou sua estimativa para 5,3 milhões no mês passado, citando o lançamento de menos modelos novos.

Joanne Chen, da Bloomberg Intelligence, acredita que a BYD vai precisar sacrificar parte da margem de lucro e manter descontos generosos no segundo semestre se quiser se manter nos trilhos.

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“A pressão regulatória vai moderar os cortes diretos nos preços dos carros, mas a concorrência não vai sumir e as promoções no varejo ainda são essenciais para manter o ritmo de vendas”, disse ela. “Lançar novos modelos e fazer upgrades tecnológicos constantes também é fundamental.”

BYD's Sales Slowdown Stretches Year-End Sales Goal | EV giant needs to sell 560,000 EVs, hybrids each month to stay on track

Bing Yuan, gestora de fundos da Edmond de Rothschild Asset Management, disse que muitos observadores do mercado agora esperam, de forma mais realista, vendas em torno de 5 milhões. “Tenho a impressão de que esse é o consenso atual”, afirmou.

Desconsiderando as vendas comerciais e internacionais, as entregas de carros da BYD na China estão encolhendo.

Em junho, as vendas caíram 8% na comparação anual, enquanto marcas como Zhejiang Geely, Xpeng e Xiaomi conquistavam compradores.

Dados do HSBC mostram que a Geely foi quem mais ganhou participação de mercado no primeiro semestre, enquanto a BYD ficou entre as que mais perderam.

As vendas internacionais vão melhor e parecem no caminho certo para atingir a previsão da BYD de 800 mil unidades.

De fato, a empresa já chegou a quase 60% dessa meta. Embora as vendas internacionais, com margens maiores, ajudem a compensar os descontos agressivos no mercado doméstico, alguns mercados estrangeiros estão trazendo novas dificuldades.

A BYD tem planos ambiciosos para a Arábia Saudita, por exemplo, esperando triplicar sua presença depois que a Tesla entrou no país. Mas os carros elétricos representam apenas pouco mais de 1% do total de vendas no reino saudita. Custos altos, infraestrutura de carregamento escassa e temperaturas extremas dificultam a adoção dos veículos elétricos.

A Índia, um mercado potencialmente gigantesco, tem sistematicamente bloqueado os esforços de expansão da BYD. E apesar do rápido crescimento na Europa (partindo de uma base baixa), há barreiras tarifárias consideráveis e competição crescente das montadoras tradicionais, que já conquistaram a confiança dos consumidores e contam com redes de pós-venda mais amplas.

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