Brookfield vai às compras e mira hotéis: ‘o cheque tem que ser grande’, diz CEO

O braço de real estate do grupo canadense busca ativos no segmento de hotelaria para ampliar o portfólio que hoje se concentra em escritórios, logística e multifamily, afirmou Hilton Rejman em entrevista à Bloomberg Línea

Passeio Paulista Pedro Vannucchi Brookfield
30 de Maio, 2025 | 06:14 AM

Bloomberg Línea — Com 820 mil metros quadrados de escritórios e 700 mil metros quadrados de galpões logísticos no Brasil, a Brookfield Properties quer ampliar o portfólio para o segmento de hotelaria no país.

O braço de real estate do grupo canadense estuda ativos em capitais como São Paulo e Rio de Janeiro e a busca se concentra em hotéis de grande porte.

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“O tamanho da nossa empresa não permite que façamos coisas pequenas. Gostamos de grandes oportunidades, em que somos competitivos. O cheque tem que ser grande”, disse o CEO da Brookfield Properties, Hilton Rejman, em entrevista à Bloomberg Línea.

O executivo lembrou que o segmento de hotelaria sofreu muito durante a pandemia, com o fechamento de diversos hotéis, mas que esse momento ficou para trás. A companhia estuda, atualmente, de três a quatro ativos.

“Olhamos hotéis grandes, que sejam principalmente voltados para negócios. Eventualmente, podemos até fazer um investimento, mas precisa ter alta procura e taxa de ocupação”, destacou.

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A receita da Brookfield Properties é dividida basicamente entre os segmentos corporativo (70%), comercial e varejo (20%) e residencial (10%).

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Segundo Rejman, os dois últimos anos foram “excelentes” para a companhia, com recorde de 100 mil metros quadrados de absorção de escritórios em 2024. “Isso fez com que nossa taxa de ocupação chegasse perto dos 90%.”

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A Brookfield Properties possui 27 prédios comerciais no país. Na Faria Lima, a companhia tem quatro edifícios na área mais disputada da região.

Há um ano, a empresa vendeu o edifício Faria Lima 3500 para o Itaú BBA, em uma transação estimada pelo mercado em R$ 1,5 bilhão. O empreendimento foi construído sob medida, o chamado built to suit (BTS), e acabou sendo comprado pelo banco por ter se tornado uma “identidade” para a instituição.

Outro empreendimento feito sob medida pela Brookfield e entregue recentemente é a sede da gigante de publicidade WPP na Vila Leopoldina, em São Paulo. Com cinco andares e 55 mil metros quadrados, a agência ocupará dois terços do prédio, enquanto o restante será locado pela Brookfield para o mercado.

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“Um BTS é o sonho de qualquer incorporadora”, disse.

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Custo de construção versus aluguel

Rejman disse que o custo de construção subiu muito desde a pandemia, mas as locações não acompanharam o movimento até recentemente.

“Com as empresas chamando os funcionários para o escritório, os valores dos aluguéis estão voltando a subir”, disse.

Segundo o executivo, a recuperação se deve à escassez de novos produtos e ao aumento da demanda. “Na Faria Lima, por exemplo, estamos revisionando o valor de locação para R$ 350 o metro quadrado”, afirmou.

Hilton Rejman

Em um cenário de inflação e juros elevados, o crescimento do país acaba sendo afetado, segundo o executivo.

Ele ressaltou que a situação macroeconômica do país é um fator que preocupa, uma vez que o otimismo das empresas está diretamente relacionado ao crescimento do PIB. “Se as empresas crescem, acabam buscando mais espaço de escritórios, de galpão, e isso para nós é muito importante.”

Mas a companhia segue otimista. “A Brookfield conhece muito bem o país, está aqui há 125 anos. Sabemos dos altos e baixos.”

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O executivo ponderou que em momentos de crise há oportunidades de aquisições em todos os segmentos operados pela empresa.

“Nosso apetite continua alto. Estamos de olho em todos os tipos de empreendimentos, escritórios, logística e multifamily”, disse.

Rejman lembrou que o business da Brookfield Properties tem “começo, meio e fim” e envolve compra, melhoria, gestão e, por fim, venda.

“Queremos comprar para melhorar a gestão, fazer um upgrade e gerar valor para vender mais caro”, disse. “Não vamos fazer qualquer aquisição, temos que enxergar que é uma boa iniciativa.”

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Juliana Estigarríbia

Jornalista brasileira, cobre negócios há mais de 12 anos, com experiência em tempo real, site, revista e jornal impresso. Tem passagens pelo Broadcast, da Agência Estado/Estadão, revista Exame e jornal DCI. Anteriormente, atuou em produção e reportagem de política por 7 anos para veículos de rádio e TV.