Bloomberg — O conselho de administração da Petrobras começou a traçar estratégias para se posicionar caso a Braskem seja reestruturada, à medida que a crise da gigante petroquímica se agrava.
Durante uma reunião ordinária agendada na última sexta-feira (26), foram apresentados aos diretores cenários sobre o papel que a empresa poderia desempenhar se a Braskem fizer mudanças em sua estrutura de capital, de acordo com pessoas familiarizadas com o assunto ouvidas pela Bloomberg News que pediram para não serem identificadas porque as conversas são privadas.
A estatal não descarta a possibilidade de injetar capital na Braskem, disseram as pessoas, acrescentando que nenhuma proposta concreta foi apresentada para aprovação do conselho.
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A administração da Petrobras reafirmou suas intenções de assumir um papel mais importante na gestão da maior produtora de petroquímicos da América Latina, fazendo alterações no acordo de acionistas, disseram as pessoas.
Não há planos de nacionalizar a empresa, acrescentaram.
O conselho de administração não havia se envolvido anteriormente com os acontecimentos na Braskem, disseram as pessoas. Os problemas da empresa em crise - que já foi conhecida como uma “campeã nacional” - chegaram ao auge na sexta-feira, quando a Braskem divulgou em um documento que contratou consultores para ajudar a preparar um “diagnóstico de alternativas econômico-financeiras para otimizar a sua estrutura de capital”, pegando os investidores de surpresa.
A Petrobras não respondeu imediatamente a um pedido de comentários.
A presidente da Petrobras, Magda Chambriard, disse em agosto que só consideraria injetar mais dinheiro na Braskem se seu sócio problemático na empresa, a Novonor, vendesse sua fatia a um novo investidor. A petroleira está monitorando as negociações envolvendo a Novonor e possíveis compradores.
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A Petrobras é a segunda maior acionista da Braskem, com 47% das ações ordinárias e 36,1% do capital total. Ela é coproprietária da Braskem com a Novonor, o conglomerado anteriormente conhecido como Odebrecht, que controla 50,1% das ações ordinárias e 38,3% do capital total.
A Novonor tem procurado se desfazer de sua participação na Braskem como parte de um longo processo de reestruturação após o notório escândalo de corrupção da Lava-Jato no Brasil, quando usou suas ações da Braskem como garantia para dívidas não pagas.
Em agosto, a Petrobras foi surpreendida pela notícia de uma possível venda do negócio de polietileno da Braskem nos Estados Unidos. Chambriard criticou a Braskem por negociar um ativo sem a autorização de um de seus principais sócios.
A Braskem, uma das maiores empresas petroquímicas do mundo, vem enfrentando dificuldades durante um ciclo de baixa em seu setor e um desastre ambiental em uma de suas minas de sal em Maceió, Alagoas, a obrigou a reservar cerca de US$ 3,4 bilhões para multas e limpeza.
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A persistente queima de caixa, juntamente com uma possível aquisição pelo magnata brasileiro Nelson Tanure, contribuíram para aumentar as preocupações.
O envolvimento do conselho da Petrobras nas discussões mostra o quanto os problemas da Braskem aumentaram.
A maioria dos títulos da Braskem, que têm um valor nominal de pouco mais de US$ 9 bilhões, estava sendo negociada a cerca de 37 centavos de dólar. Os rendimentos das notas com vencimento em 2030, algumas das mais líquidas, haviam subido para 33% na tarde de quarta-feira.
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