Bloomberg — A Ares Management definiu metas de captação para investimentos em data centers, posicionando-se para abocanhar parte dos milhões de dólares em taxas de administração que têm alimentado o setor em forte expansão.
A gestora, com sede em Los Angeles, disse a investidores em uma apresentação na quinta-feira (25) que pretende levantar mais de US$ 8 bilhões em capital próprio, no curto prazo, para financiar data centers em Londres, Japão e Brasil.
Ares também ampliou a meta de captação junto a investidores de alta renda para os próximos anos. A empresa aumentou em US$ 25 bilhões, para US$ 125 bilhões até 2028, a expectativa para sua unidade de gestão de patrimônio, o que poderia gerar US$ 800 milhões em taxas de administração.
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A apresentação a investidores destacou duas classes de ativos que a Ares e outras gestoras têm identificado como essenciais para o crescimento: data centers e o público de investidores de varejo.
Gestoras e bancos têm disputado espaço para financiar a indústria, já que o avanço da inteligência artificial acelerou a construção da infraestrutura necessária para sustentar essa tecnologia.
Enquanto isso, indivíduos ainda aplicaram apenas uma fração dos US$ 140 trilhões que a Ares estima estarem disponíveis em mercados privados, segundo a apresentação.
Data centers sob medida
A Ares captou US$ 2,4 bilhões no primeiro semestre deste ano para data centers, garantindo acesso a novas fontes de receita, incluindo taxas de gestão de fundos e de administração imobiliária, além de ganhos com desenvolvimento, locação e incentivos.
A empresa mantém um fundo dedicado a investimentos em infraestrutura digital no Japão e, no ano passado, adquiriu as operações da GLP Capital Partners fora da China, em um negócio de até US$ 5,2 bilhões, que dobrou os ativos imobiliários sob gestão da Ares. A GCP investia em áreas como logística e infraestrutura digital.
De acordo com a BloombergNEF, os data centers podem consumir 1.600 terawatts-hora de eletricidade até 2035 — cerca de 4,4% do uso global. Se fossem um país, ficariam em quarto lugar em consumo de energia, atrás apenas de China, EUA e Índia.
A grande necessidade de financiamento e a disposição dos credores em entrar nesse mercado também traz riscos. Segundo estimativas do UBS, o setor de tecnologia já somava US$ 450 bilhões em empréstimos de dívida privada no início de 2025, um aumento de US$ 100 bilhões em apenas 12 meses.
O diretor financeiro da Ares, Jarrod Phillips, disse em entrevista à Bloomberg News que, diante da forte demanda por IA e pela construção de data centers, a gestora tem priorizado investimentos em ativos com grande capacidade de nuvem e que sejam intercambiáveis.
“Quando entramos em novos mercados, seguimos a demanda; não apostamos às cegas”, afirmou. “Nem todos os data centers são iguais.”
A estratégia da Ares está concentrada em empreendimentos pré-locados, com contratos de 15 anos ou mais, incluindo cláusulas de reajuste de aluguel — o que, segundo a empresa, reduz o risco no longo prazo. O financiamento para esses investimentos poderia vir de capital de seguradoras, disse Phillips.
“É uma história de oferta e demanda: há muita procura e pouco capital disponível. Acreditamos que ainda estamos apenas no começo dessa trajetória.”
A gestora também tem reduzido seu risco geral ao diversificar os negócios e aproveitar um dos mercados mais aquecidos no momento entre os alternativos: o mercado secundário de fundos de investimento privados.
A Ares projeta que o mercado de secondaries — vendas com desconto de fundos privados de crédito, private equity e infraestrutura — pode mais do que dobrar nos próximos cinco anos, à medida que desafios de liquidez levem mais investidores a buscar saídas.
A empresa afirmou que tem visto grande procura de gestores (os general partners) que desejam transferir participações privadas para novos fundos. Até agora, a Ares comprou US$ 7 bilhões nesses acordos, conhecidos como veículos de continuação, atrelados a ativos de private equity.
Paralelamente, a Ares busca levantar US$ 70 bilhões até 2028 para crédito alternativo, segmento que abrange produtos lastreados em ativos como financiamentos de automóveis e hipotecas.
Essa plataforma administrava mais de US$ 47 bilhões em ativos em 30 de junho, dos quais US$ 24 bilhões em ativos sem grau de investimento. Em termos de geração de taxas, a Ares disse que isso equivale a mais de US$ 180 bilhões em ativos de grau de investimento.
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