Bradesco tem lucro de R$ 2,88 bi, abaixo do consenso, e aponta ano de transição

Lucro líquido recorrente projetado por analistas ouvidos pela Bloomberg para o quarto trimestre era de R$ 4,63 bilhões; inadimplência recua no trimestre e banco reacelera originação de crédito

O Bradesco foi o terceiro dos grandes bancos privados de varejo a divulgar os resultados de 2023 (Foto: Lucas Landau/Bloomberg)
07 de Fevereiro, 2024 | 07:05 AM

Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) apresentou novos números que atualizam a dimensão do desafio enfrentado pelo seu novo CEO, Marcelo Noronha, que assumiu em 23 de novembro em substituição a Octavio de Lazari Jr.

Os números do quarto trimestre, divulgados nesta manhã de quarta-feira (7), antes da abertura do mercado, ficaram aquém do consenso de analistas ouvidos pela Bloomberg em indicadores como lucro líquido recorrente (R$ 2,878 bilhões vs. consenso de R$ 4,63 bilhões) e receitas com prestação de serviços (R$ 9,028 vs. consenso de R$ 9,34 bilhões).

No ano completo de 2023, o lucro líquido recorrente ficou em R$ 16,3 bilhões, com queda de 21,2% na comparação com 2022, segundo o banco, “impactado pelas despesas com PDD [provisões] e contração da margem financeira bruta”.

No comunicado junto com o resumo dos resultados, o Bradesco apontou que este será um ano de transição, “como indicado no guidance”.

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“Acreditamos em uma trajetória de recuperação da rentabilidade ao longo do tempo, com sinais mais evidentes a partir de 2025″, disse o segundo maior banco privado do país no comunicado.

A rentabilidade medida pelo ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Médio) manteve a trajetória de deterioração e encerrou o ano cheio de 2023 em 10,0%, versus 13,1% em 2022. No quarto trimestre, o ROAE caiu para 6,9%, versus 11,3% no terceiro.

Na frente de crédito, o banco destacou que a inadimplência acima de 90 dias teve queda de 0,5 ponto percentual, para 5,1% no quarto trimestre. Ao mesmo tempo, indicou que reacelerou a originação de crédito no período e isso deve se manter neste ano.

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O Bradesco indicou um crescimento da carteira de crédito entre 7% e 11% em 2024, segundo o guidance.

As novas safras, segundo Noronha, vêm apresentando qualidade alta de crédito, mesmo com a aceleração da sua originação. “O destaque fica com a aceleração do crédito no varejo massificado e nas pequenas empresas. São segmentos em que o Bradesco é líder e possuem rentabilidade potencial elevada”, disse em comunicado.

Outro ponto positivo destacado pelo banco foi a operação de seguros, habitualmente uma das frentes de negócios com melhores resultados. Essa área fechou 2024 com ROE de 24,8% e crescimento de 11,8% nas receitas na base anual.

“Começamos a executar um plano estratégico sem paralelo na história do banco. Transformaremos os negócios e aceleraremos as agendas de pessoas, cultura e tecnologia. O sucesso dessa transformação nos permitirá melhorar a nossa lucratividade”, apontou o Bradesco no comunicado.

As ações do Bradesco subiram 6,21% ontem (6), na véspera do resultado. No acumulado do ano, porém, há queda de 2,87%. Em 12 meses, o papel acumulou valorização de 17,23%.

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