Bradesco tem lucro acima do previsto com avanço em cliente de alta renda e PJ

Banco liderado por Marcelo Noronha amplia rentabilidade em 1,7 ponto percentual no primeiro trimestre, para 14,4%, e cresce em receitas com destaque para o desempenho em cartões

Entrada do lounge do Bradesco no aeroporto de Congonhas, em São Paulo
07 de Maio, 2025 | 08:27 PM

Bloomberg Línea — O Bradesco (BBDC4) começou a colher os frutos de sua recente aposta no cliente de alta renda e em PJ (Pessoa Jurídica), o que reforça a mudança de percepção de força em particular no segmento de média e baixa renda.

Entre janeiro e março, os clientes de alta renda responderam por cerca de 60% do faturamento total com cartões, um crescimento de 18% em 12 meses, segundo o resultado financeiro trimestral divulgado nesta noite de quarta-feira (7).

PUBLICIDADE

Leia mais: Bradesco faz ofensiva em corporate e reforça liderança com ex-head de XP e Itaú BBA

O desempenho das receitas foi apontado como a principal razão para melhoria da rentabilidade do banco no período. O lucro líquido recorrente cresceu 39,3% em 12 meses, totalizando R$ 5,9 bilhões.

O valor superou a expectativa dos analistas. O consenso das estimativas apontava um lucro de R$ 5,43 bilhões no primeiro trimestre, segundo compilação feita pela Bloomberg.

PUBLICIDADE

O ROAE (Retorno sobre o Patrimônio Médio) alcançou 14,4% no trimestre. Essa rentabilidade ficou acima do trimestre anterior em 1,7 ponto percentual e em 4,2 ponto percentual na comparação anual.

As receitas com cartões alcançaram R$ 4,3 bilhões no trimestre, representando 44% do total de receitas de prestação de serviços.

Os cartões de crédito registraram volume transacionado superior a R$ 87 bilhões, com crescimento de 10% em 12 meses.

PUBLICIDADE

Leia mais: Banco John Deere busca ampliar crédito rural após joint venture com Bradesco, diz CEO

Esse avanço de duplo dígito com esse produto reflete a aposta do Bradesco para atrair correntistas de alta renda.

Em janeiro, o banco inaugurou salas VIP no aeroporto de Congonhas, em São Paulo, para clientes portadores de quarto cartões (The Centurion Card, Visa Aeternum, Platinum Card e Elo Diners Club).

PUBLICIDADE

Em outubro de 2024, lançou um novo segmento, denominado Bradesco Principal, para clientes com renda mensal acima de R$ 25 mil ou investimentos acima de R$ 300 mil, oferecendo cartões com acesso à sala VIP.

Com uma base inicial de cerca de 50.000 clientes, há um plano de “expansão robusto” do projeto para 2025, disse o Bradesco em seu balanço.

O banco com sede na Cidade de Deus, em Osasco, também destacou o crescimento da margem líquida no trimestre, evidenciando a estratégia de concessão de crédito com mix considerado adequado e maior eficiência nas captações.

A inadimplência seguiu sob controle no primeiro trimestre, mesmo diante do crescimento da carteira de PF (pessoa física) e de MPME (Micro, pequenas e médias empresas) - em tese, de maior risco -, segundo a instituição.

“No primeiro trimestre, o crescimento das receitas foi a principal razão de melhora da nossa rentabilidade e esse deve ser o padrão este ano. Avançaremos, mantendo a boa qualidade das novas safras de crédito, fazendo créditos principalmente com garantias”, disse Marcelo Noronha, CEO do Bradesco, em nota.

A carteira de crédito expandida atingiu R$ 1 trilhão no trimestre, alta anual de 12,9%.

O segmento de PJ avançou 10,6% em 12 meses, totalizando R$ 572,3 bilhões. Esse volume é superior aos R$ 432,9 bilhões de Pessoa Física, que cresceu 12,9% no trimestre na base anual.

“Reduzimos nosso apetite ao risco, mas não deixamos de fazer bons negócios”, afirmou Noronha.

Ele disse que o banco segue com a execução do plano de transformação, apresentado em fevereiro de 2024. “Ainda temos entregas importantes para fazer neste ano.”

Uma das expectativas do mercado é a apresentação da nova estratégia do Bradesco para sua operação digital, com a reformulação das iniciativas do Next e da Digio.

Leia também

Eletromidia compra operação da Clear Channel no Brasil por R$ 80 mi após OPA da Globo

Sérgio Ripardo

Jornalista brasileiro com mais de 29 anos de experiência, com passagem por sites de alcance nacional como Folha e R7, cobrindo indicadores econômicos, mercado financeiro e companhias abertas.