Bloomberg — A BP concordou em vender uma participação majoritária em sua divisão de lubrificantes Castrol para a gestora americana Stonepeak Partners, marcando um passo importante no esforço da gigante de petróleo e gás para reduzir a dívida e redefinir seu modelo de negócios.
O grupo britânico de energia vai levantar cerca de US$ 6 bilhões com a venda de 65% do negócio, valor que inclui o pagamento antecipado de parte dos dividendos futuros relativos à fatia que a BP manterá.
Embora o preço fique abaixo das expectativas iniciais, a operação representa um movimento relevante do novo chairman, Albert Manifold, que já deixou sua marca ao substituir o CEO.
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A venda encerra um ano turbulento para a BP. Sob pressão do gestora ativista Elliott Investment Management, a companhia revisou sua estratégia em fevereiro, reduzindo a exposição a energias renováveis e voltando o foco para o negócio principal.
Também prometeu vendas expressivas de ativos para diminuir a alavancagem, mas o avanço foi lento, e a guinada de volta aos combustíveis fósseis enfrenta o desafio de preços do petróleo bem abaixo das premissas usadas nos modelos financeiros da empresa.
As ações chegaram a subir até 1,4% na quarta-feira (24), antes de passarem a operar praticamente estáveis às 10h33 em Londres.
Com o acordo da Castrol, os recursos obtidos com o programa de venda de ativos da BP somam cerca de US$ 11 bilhões, informou a companhia em comunicado.
O montante ainda está distante da meta de US$ 20 bilhões até o fim de 2027, e os investidores devem cobrar novos avanços de Manifold, que conduz uma revisão do portfólio desde que assumiu o cargo, em outubro.
A BP iniciou o processo de venda da Castrol em fevereiro, e analistas estimavam inicialmente que o negócio poderia alcançar até US$ 10 bilhões.
O programa de desinvestimentos era uma peça central da reestruturação corporativa do então CEO Murray Auchincloss, que teve recepção morna por parte da Elliott.
Desde então, Manifold manteve conversas privadas com o investidor ativista e realizou discussões consideradas construtivas, segundo a Bloomberg News noticiou na semana passada. Ele também substituiu Auchincloss por Meg O’Neill, presidente da Woodside Energy Group, que assumirá o comando da BP em abril.
Redução da dívida
O negócio da Castrol inclui lubrificantes para veículos e aplicações industriais e também vem desenvolvendo tecnologia de resfriamento líquido para data centers de inteligência artificial.
Segundo a BP, todos os recursos da venda serão destinados à redução da dívida, que superava US$ 26 bilhões ao fim do terceiro trimestre.
Pelos termos do acordo, a BP manterá uma participação de 35% na Castrol por meio de uma joint venture.
A operação avalia a Castrol em US$ 10,1 bilhões, incluindo dívida, mas o valor total implícito do capital próprio cai para US$ 8 bilhões após a dedução de participações minoritárias.
“Dividendos acelerados agora ajudarão a reduzir a dívida, mas claramente às custas do fluxo de caixa no médio prazo”, escreveu o analista Biraj Borkhataria, do RBC, em relatório.
“A melhor alternativa de longo prazo teria sido cortar a recompra de ações, já que ela vem sendo financiada pelo balanço, ou vender alguns ativos de exploração e produção em desenvolvimento.”
A participação remanescente da BP na Castrol permitirá exposição ao plano de crescimento do negócio, afirmou a empresa, acrescentando que terá a opção de reduzir essa fatia após um período de lock-up de dois anos.
A conclusão da transação anunciada na quarta-feira é esperada até o fim do próximo ano, sujeita às aprovações regulatórias.
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