Boom petroquímico da China aumenta o temor de excesso de oferta no mercado global

Salto na capacidade produtiva está criando um excedente global que pode crescer ainda mais com a inauguração de novas plantas; produção chinesa de polietileno deve subir 18% neste ano, segundo a consultoria chinesa JLC

Indústria petroquímica na China
Por Bloomberg News
03 de Dezembro, 2025 | 05:59 PM

Bloomberg — Uma onda de construção de novas plantas petroquímicas na China está elevando o temor de uma enxurrada de exportações que pode pressionar outros países produtores, que já enfrentam problemas de excesso de oferta.

A China construiu sete gigantescos polos petroquímicos na última década, ultrapassando os Estados Unidos como maior produtor de etileno e polietileno — usados na fabricação de plásticos, borrachas e fibras.

PUBLICIDADE

A meta de Pequim era aumentar a autossuficiência, mas o salto na capacidade está criando um excedente global que pode crescer ainda mais se as plantas planejadas de fato forem inauguradas.

A produção chinesa de polietileno deve subir 18% neste ano, segundo a consultoria chinesa JLC. O avanço vai superar um aumento de 10% na demanda doméstica, resultando em uma queda de 13% nas importações.

Leia também: Avanço em petróleo e cortes em eólica: os detalhes do plano de negócios da Petrobras

PUBLICIDADE

A China é, de longe, a maior consumidora mundial de plásticos e importou quase 15 milhões de toneladas de polietileno no ano passado — mais do que toda a demanda da Europa —, de acordo com a BloombergNEF.

Com a produção interna reduzindo a necessidade de importação, o restante do mundo terá de buscar novos mercados ou fechar refinarias voltadas à exportação.

As novas plantas chinesas estão levando a um “desequilíbrio estrutural” no mercado de químicos, disse Liu Bowen, analista da JLC. A capacidade chinesa de polietileno deve aumentar mais 16% no ano que vem, embora o excesso de oferta e margens menores possam adiar parte desses investimentos, afirmou.

PUBLICIDADE

A unidade da Exxon Mobil na província de Guangdong e a planta da produtora de químicos a partir de carvão Ningxia Baofeng Energy Group, na Mongólia Interior, são os grandes acréscimos deste ano. Um complexo da BASF, também em Guangdong, deveria entrar em operação em 2025, mas pode atrasar, segundo a JLC.

A expansão de capacidade tem pressionado os preços para baixo. O contrato futuro de polietileno mais negociado na Bolsa de Commodities de Dalian caiu 13% neste ano. A estatal Sinopec, maior produtora de etileno derivado de petróleo da China, registrou grandes perdas em sua divisão química em 2025.

O excesso de capacidade é um tema recorrente na economia chinesa — incluindo setores como aço e energia solar — e tem levado a um aumento das exportações, alimentando tensões com grandes parceiros comerciais.

PUBLICIDADE

Pequim, no entanto, prometeu lançar uma reestruturação nos setores de petroquímica e refino para eliminar plantas menores e substituir operações defasadas.

Os embarques de polietileno para o Vietnã, principal mercado externo da China para o produto, dispararam 88% nos 12 meses até outubro, segundo a JLC, citando dados alfandegários. As exportações para Filipinas, Bangladesh, Arábia Saudita e países africanos também aumentaram.

O salto da capacidade chinesa colocará ainda mais pressão sobre produtores petroquímicos da Europa, onde a alta dos custos de energia desde a invasão da Ucrânia pela Rússia forçou o fechamento de milhões de toneladas em capacidade.

“A crescente produção doméstica da China pode ser o golpe final para muitos produtores europeus de alto custo, que já enfrentam dificuldades em um mercado altamente excedente”, disse Philip Geurts, analista da BloombergNEF.

Veja mais em Bloomberg.com

Leia também

Novonor está perto de acordo com IG4 para vender controle da Braskem, dizem fontes

Da Lava Jato a papel central: refinaria Abreu e Lima, da Petrobras, amplia capacidade