Bilionário tcheco compra fatia na TotalEnergies e mira negócios além da Europa

Holding de Daniel Kretinsky receberá 4,1% de participação na gigante francesa do setor de petróleo, em um acordo que envolve a criação de uma joint venture com a companhia

Daniel Kretinsky em foto de 2019: Com 50 anos, bilionário formou um conglomerado de dezenas de empresas que atuam em toda a Europa. (Foto: Thomas Samson/AFP/Getty Images)
Por Andrea Dudik
17 de Novembro, 2025 | 04:31 PM

Bloomberg — O bilionário tcheco Daniel Kretinsky avançou para diversificar sua exposição além da Europa ao garantir uma participação na gigante global de petróleo TotalEnergies — um movimento que levanta dúvidas sobre seus próximos passos.

Kretinsky concordou que sua holding de energia, Energeticky a Prumyslovy Holding, ou EPH, contribuirá com uma participação de 50% em uma nova joint venture com a Total. Em troca, a EPH receberá 4,1% da Total, avaliados em cerca de € 5,1 bilhões (US$ 5,9 bilhões).

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A holding tcheca também deve receber dividendos superiores a € 320 milhões por ano, segundo cálculo da Bloomberg com base no pagamento trimestral mais recente.

A TotalEnergies tem operações no Brasil, onde atua em exploração e produção de petróleo e tem de negócios em gás natural, energias renováveis, baterias e lubrificantes.

Leia também: Como este bilionário aproveitou a crise para erguer um império na Europa

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Com 50 anos — e um patrimônio líquido de US$ 10,9 bilhões, de acordo com o Bloomberg Billionaires Index —, Kretinsky formou um conglomerado de dezenas de empresas que atuam em toda a Europa, em setores que vão da geração de eletricidade à transmissão e ao armazenamento de gás natural.

Enquanto construía seu império, o terceiro homem mais rico da República Tcheca não evitou negócios politicamente sensíveis ou financeiramente problemáticos, mas agora encontrou um ativo mais maduro na Total, com sede na França.

Assim como seu novo acionista, a companhia busca diversificar suas atividades ao perseguir a meta de obter 20% das vendas de energia a partir de eletricidade até 2030.

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Kretinsky, um autodeclarado francófilo, afirmou que tornar-se um dos maiores investidores da Total é um passo fundamental — e que deseja manter a participação no longo prazo.

“Estamos executando nossa estratégia de diversificar e reduzir nossa exposição geográfica, hoje concentrada na União Europeia e no Reino Unido”, disse Kretinsky, presidente e acionista controlador da EPH, em comunicado.

Quem é Daniel Kretinsky

Advogado de formação, ele iniciou sua carreira em 1999 na firma de investimentos privados J&T. Em menos de uma década, formou a EPH — onde inicialmente detinha uma fatia minoritária — com apoio de sócios da J&T e do falecido bilionário tcheco Petr Kellner.

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Kellner vendeu suas ações de volta para a EPH em 2014, e mudanças subsequentes levaram Kretinsky a obter o controle. Após a morte de Kellner em um acidente de helicóptero em 2021, Kretinsky passou a integrar um pequeno grupo que assessora seus herdeiros, donos do family office mais rico da Europa Oriental.

A fortuna de Kretinsky cresceu a partir de uma aposta feita mais de uma década atrás: a de que a Europa levaria mais tempo para se desvencilhar dos combustíveis fósseis do que previa a estratégia verde do bloco.

Ele aproveitou a oportunidade usando a EPH como veículo para adquirir ativos que concessionárias de capital aberto foram obrigadas a vender, já que os bancos restringiram financiamento sob pressão para cumprir padrões ambientais, sociais e de governança.

Mais recentemente, ele expandiu seus interesses para muito além do setor de energia, incluindo a compra, no ano passado, da controladora do Royal Mail, a International Distribution Services, por £ 3,6 bilhões (US$ 4,7 bilhões). Essa operação foi realizada pelo EP Group, que ele também administra ao lado da VESA Equity Investment.

Kretinsky detém participação no grupo britânico de supermercados J Sainsbury, em ativos de mídia na França e está em processo de fechar o capital da atacadista alemã Metro. Ele também é um investidor apaixonado por futebol, com fatias no AC Sparta Prague e no West Ham United, de Londres.

-- Com a colaboração de Francois de Beaupuy. Com informações da Bloomberg Línea sobre a atuação da Total no Brasil.

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