Bloomberg — O bilionário francês Vincent Bolloré está avaliando um desmembramento de seu vasto império de mídia e entretenimento, a Vivendi, em uma reversão estratégica destinada a revitalizar o valor de seus negócios. Com isso, as ações dispararam.
Segundo o plano, o conglomerado francês, que tem um valor de mercado de cerca de 10 bilhões de euros (US$ 10,9 bilhões), seria dividido em três partes: a divisão de TV paga Canal+; a filial de publicidade e comunicações Havas; e um negócio que inclui sua participação majoritária no grupo editorial Lagardère, conforme anunciado em comunicado pela empresa sediada em Paris.
Desde que seu negócio mais valioso, a Universal Music Group, abriu capital na bolsa, a empresa francesa afirmou ter “sofrido um desconto significativamente alto”, reduzindo seu valuation e limitando as oportunidades de crescimento para suas subsidiárias.
As três empresas separadas poderiam alcançar uma avaliação de mercado cerca de 40% mais alta do que o valuation atual, estima o analista da UBS, Adam Berlin, em nota.
A estratégia marca “uma inversão da estratégia atual de buscar uma integração mais próxima entre sua coleção díspar de ativos de mídia”, disse o analista da Bloomberg Intelligence, Matthew Bloxham.
A Vivendi tentou criar sinergias entre suas atividades, transformando propriedades intelectuais como o Paddington Bear em filmes, livros e campanhas de marketing na tentativa de construir um império europeu para rivalizar com a Netflix (NFLX) e a Walt Disney (DIS).
O grupo de TV paga Canal+ é a maior unidade da empresa, respondendo por mais da metade das vendas e ganhos. No ano passado, gerou cerca de 5,9 bilhões de euros de receita e 515 milhões de euros em lucro antes de juros, impostos, depreciação e amortização (Ebitda). A Havas veio em segundo, respondendo por mais de um quarto da receita da empresa.
Isso poderia se traduzir em valuations de cerca de 6,1 bilhões de euros para o Canal+ e cerca de 3 bilhões de euros para a Havas, uma vez separadas de sua empresa-mãe, disse o analista da Oddo, Jerome Bodin. A estrutura de investimento que detém a participação na Lagardère poderia atingir um valor de cerca de 4,9 bilhões de euros, segundo ele.
A Vivendi usará seus “bancos e consultores habituais” para estudar um possível desmembramento, e qualquer plano precisaria agregar valor a todos os acionistas e considerar as consequências fiscais, disse a empresa. A companhia não informou quando tomará uma decisão.
Investidores estão observando para ver se Bolloré – o acionista controlador da Vivendi, que foi comparado ao magnata da mídia Rupert Murdoch – tenta aumentar sua participação na empresa para obter maior controle sobre o negócio de mídia e levá-lo a novas direções.
Se o desmembramento for adiante, Bolloré terá um caixa para buscar outras operações como acionista controlador de vários grupos de mídia, após a empresa de investimentos da família, Bollore SE, se desfazer de seus negócios de transporte e logística.
Conhecido como um implacável investidor corporativo, Bolloré trabalhou para internacionalizar seu grupo de mídia ao longo da última década. Desde que assumiu o controle do Canal+ há cerca de oito anos, Bolloré transformou a unidade, antes em dificuldades, em uma plataforma semelhante à Netflix, adquirindo concorrentes na Europa, África e Ásia.
No entanto, um desmembramento do império de Bolloré poderia colocar em xeque o planejamento de sucessão da família, já que o empresário de 71 anos se afasta oficialmente de alguns de seus negócios. Cyrille Bolloré, de 38 anos, lidera atualmente a Bollore SE, enquanto seu filho mais velho, Yannick Bolloré, de 43 anos, é o presidente da Vivendi.
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