Banco Master, de Daniel Vorcaro, é vendido para consórcio com Fictor e grupo árabe

Banco em dificuldades financeiras é negociado integralmente para a Fictor Holding Financeira, em parceria com investidores dos Emirados Árabes Unidos, por valor não revelado; operação prevê aporte imediato de R$ 3 bilhões no Master

Sede do Banco Master, em São Paulo
17 de Novembro, 2025 | 06:25 PM

Bloomberg Línea — O Banco Master, controlado por Daniel Vorcaro, acertou a sua venda para um consórcio que reúne a Fictor Holding Financeira e investidores dos Emirados Árabes Unidos, segundo comunicado nesta segunda-feira (17).

A operação inclui aporte imediato de R$ 3 bilhões para fortalecer a estrutura de capital do banco e aguarda aprovação do Banco Central e do Cade (Conselho Administrativo de Defesa Econômica).

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Os investidores dos Emirados Árabes Unidos, não identificados, somam mais de US$ 100 bilhões em ativos sob gestão, segundo o comunicado.

O processo não contempla o Willbank e o Banco Master de Investimentos, que estão sendo negociados com grupos de investidores distintos, de acordo com o documento, sem fornecer detalhes.

Com a conclusão das etapas regulatórias, o consórcio adquirirá a totalidade das ações de Vorcaro e elegerá um novo presidente para a instituição, acrescentou o comunicado.

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A Fictor é um grupo empresarial brasileiro com atuação em diferentes setores, incluindo alimentos, infraestrutura e serviços de pagamento, segundo informações que constam em seu site.

A companhia tem origem em Barretos, no interior de São Paulo, e nos últimos anos tem direcionado recursos do agronegócio para expansão em particular nos setores financeiro e de energia.

A Fictor Alimentos, um de seus principais negócios, é listada na B3 desde dezembro de 2024, depois um processo conhecido como “IPO reverso”, com a compra de uma empresa já listada - a Atom Participações.

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“A operação representa o passo de entrada da Fictor no mercado financeiro brasileiro. Seguimos alinhados às melhores práticas de governança, com foco na distribuição de produtos sólidos e desenhados para responder com precisão às demandas do mercado nacional”, disse Rafael Góis, sócio da Fictor Holding Financeira, em comunicado.

“Trata-se de uma transação privada, com players complementares e de alcance global. [...] A união dos atuais produtos com a capilaridade de distribuição da Fictor levará o novo banco ao protagonismo no cenário brasileiro, que tanto carece de novos players e de concorrência saudável” disse Daniel Vorcaro em nota.

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O Master estava em busca de alternativas de capitalização desde o começo deste ano, diante de dificuldades financeiras para cobrir seus passivos.

Os desafios aumentaram depois que mudanças regulatórias do Banco Central em dezembro de 2023, com o intuito de reforçar a solidez do sistema financeiro, expuseram fragilidades em seu modelo de negócios.

A instituição havia crescido rapidamente com a emissão de CDBs que contam com a garantia do FGC (Fundo Garantidor de Crédito) e investindo em ativos de alto risco, como precatórios e ações de pequenas e médias empresas. Esse quadro criou um descompasso entre ativos e passivos.

Em março deste ano, o Master anunciou a venda do controle para o BRB (Banco de Brasília), mas a operação foi rejeitada pelo Banco Central em setembro.

Em junho, Vorcaro injetou R$ 2 bilhões no Master como parte de entendimento com o BC para reforçar a estrutura de capital.

Além disso, vendeu diferentes ativos para o BTG Pactual (BPAC11) por R$ 1,5 bilhão, incluindo participações na Light e na Méliuz.

Leia mais: Banco Central reprova compra do Master, de Daniel Vorcaro, pelo BRB

A tentativa de fusão com o BRB gerou investigações de diferentes partes, como TCU (Tribunal de Contas da União), Ministério Público Federal e autoridades do Distrito Federal, que questionam tanto a transação quanto a forma como o banco conseguiu se expandir rapidamente em anos recentes.

A crise ameaçou se espalhar para empresas e fundos com exposição mais elevada aos títulos do Master, como Oncoclínicas, Metalfrio e Rioprevidência.

Os papéis do banco oferecem atualmente rendimentos elevados no mercado secundário, refletindo o aumento do risco percebido por investidores.

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