Bloomberg — O American Iron and Steel Institute, associação que representa produtores de aço nos Estados Unidos, pediu à Casa Branca que interviesse em um negócio de US$ 500 milhões no Brasil que, segundo o grupo, poderia supostamente dar à China maior controle sobre as reservas globais de níquel, embora a MMG, a empresa compradora, tenha rejeitado as alegações.
A Anglo American disse em fevereiro que venderia suas minas de níquel brasileiras para a MMG, uma empresa listada em Hong Kong controlada pela estatal China Minmetals Corp. A expectativa é que a transação seja concluída neste trimestre.
Em uma carta enviada ao Representante de Comércio dos EUA (USTR), Jamieson Greer, em 18 de agosto, o instituto argumentou que a possível aquisição daria a Pequim “influência direta” sobre reservas substanciais de níquel, aumentando seu controle sobre um metal essencial para baterias de veículos elétricos e aço inoxidável.
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Não está claro como a Casa Branca interviria para impedir o negócio. No entanto, o governo Trump fez do renascimento da produção de metais e minerais dos Estados Unidos uma prioridade fundamental e está atualmente em negociações tarifárias com a China.
A Indonésia abriga a maior indústria de níquel do mundo, tendo se beneficiado de investimentos liderados pela China.
“É essencial que o governo do Brasil explore alternativas que preservem a propriedade orientada para o mercado desses ativos estratégicos de níquel e garantam que o acesso futuro a esse mineral crítico permaneça aberto e justo”, disse o grupo americano na carta.
A solicitação faz parte de uma consulta pública lançada pelo USTR sobre se as práticas comerciais brasileiras podem prejudicar os interesses dos Estados Unidos. O jornal brasileiro Valor Econômico foi o primeiro a divulgar a notícia.
Os ativos brasileiros produzem ferroníquel para produtores de aço inoxidável, sendo que a Europa representa um mercado importante, disse um porta-voz da MMG em uma resposta por e-mail a perguntas.
“Esse será o primeiro ativo de níquel em operação da MMG e pretendemos continuar vendendo produtos para os clientes e mercados internacionais existentes”, disse o porta-voz. “Essa transação - em nossa opinião - não terá impacto sobre a concorrência.”
A gigante global da mineração iniciou o desinvestimento de seu negócio de níquel como parte de um plano de simplificação mais amplo em resposta a uma tentativa indesejada de aquisição pelo BHP Group.
A Anglo sofreu um grande revés na semana passada, depois que um acordo para vender seu grande portfólio de carvão australiano fracassou, com a desistência da compradora Peabody Energy.
-- Com a colaboração de Andrew Janes.
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