Após perdas com inadimplência, Banco do Brasil coloca foco em crédito com garantia

CEO do BB, Tarciana Medeiros, diz a jornalistas que 2025 tem sido um ano de ajuste e que o banco estatal ampliará o crédito para pessoas físicas em 2026, sem deixar de lado operações em agro e para empresas com gestão adequada de risco

Tarciana Medeiros, CEO do Banco do Brasil
13 de Novembro, 2025 | 02:44 PM

Bloomberg Línea — A CEO do Banco do Brasil (BBAS3), Tarciana Medeiros, afirmou nesta quinta-feira (13) que 2025 representa um período de ajuste para a instituição, com expectativa de retomada da rentabilidade a partir de 2026.

A declaração foi feita durante entrevista coletiva de imprensa sobre o resultado do terceiro trimestre, divulgado depois do fechamento do mercado na quarta-feira (12), que reportou um lucro líquido de R$ 3,8 bilhões, estável em relação ao trimestre anterior, com retorno sobre o patrimônio líquido de 11,2%.

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Nesta quinta-feira (13), as ações do BB negociadas na B3 caíam perto de 2% por volta das 14h30. No acumulado do ano, as perdas são da ordem de 6%.

A estratégia para 2026 envolve equilíbrio entre diferentes segmentos de crédito, com renovação de operações em pessoas jurídicas e agronegócio, expansão em pessoas físicas e foco em garantias para mitigar riscos, segundo Medeiros.

A executiva destacou o compromisso da gestão com resultados de longo prazo.

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“Há um compromisso de longo prazo dessa gestão com resultados sólidos”, disse, acrescentando que a administração trabalha com foco na recuperação da rentabilidade e na sustentabilidade da carteira de crédito.

Segundo a CEO, o banco planeja ampliar a participação de pessoas físicas no portfólio de crédito. Ela disse que a estratégia não significa redução de operações nos segmentos de agronegócio, um “detrator” do resultado nos últimos trimestres, e de empresas.

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A inadimplência acima de 90 dias para o setor agro aumentou 185 pontos base no terceiro trimestre na comparação com junho de 2025, para 5,34%; a carteira consolidada de crédito teve alta de 72 pontos base, para 4,93%.

Esse aumento nos atrasos de pagamento no agronegócio se deu “principalmente na cultura da soja e nas regiões Centro-Oeste e Sul do país, além do efeito dos pedidos de recuperação judicial no segmento”, apontou o banco no documento.

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“Falar que vamos crescer mais a carteira de pessoas físicas não quer dizer que não vamos emprestar para o agro e para PJ [pessoa jurídica]”, afirmou Medeiros.

A manutenção ou o crescimento em linha com 2025 nos segmentos empresarial e agrícola demandará trabalho de renovação da carteira no próximo ano. A executiva explicou que parte das operações de pessoas jurídicas e do agronegócio possui prazo de vencimento de até um ano.

“Manter carteira significa fazer um trabalho de renovação desse crédito”, disse.

O banco adotou novas estratégias para gestão de risco para esses segmentos. No agronegócio, a instituição passou a utilizar a alienação fiduciária, prática que a CEO descreveu como um alinhamento com o mercado.

“É um modelo. Não abandonamos os demais modelos que nós já utilizávamos, mas é um que se agrega”, afirmou.

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Para micro e pequenas empresas, o Banco do Brasil trabalha com garantias de recebíveis. A CEO mencionou uma safra de operações com esse perfil que apresenta comportamento de risco-retorno considerado adequado pela instituição.

Em 2026, o banco continuará a realizar operações com essas empresas, concentrando esforços na base existente para evitar um aumento da inadimplência. A executiva disse que a instituição trabalha com a perspectiva de início do ciclo de corte da Selic apenas a partir do segundo trimestre de 2026.

A redução da taxa básica de juros deve trazer impacto positivo para a carteira de pessoas físicas. Com o aumento de salários em geral previsto para o próximo ano e a redução gradual da Selic, a CEO do BB disse ver oportunidades nas carteiras de maior retorno e segurança.

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