WHG vê potencial de alta nas ações e amplia exposição em títulos indexados à inflação

Gestora aposta em valorização da bolsa e reforça posições em NTN-B e prefixados diante de juros elevados

Por

Bloomberg — A divisão de gestão de riquezas da Wealth High Governance vislumbra uma possível mudança de política econômica após as eleições de 2026, ao apostar em opções negociadas no mercado internacional que lucram com a valorização da bolsa brasileira.

“Gostamos de opcionalidade na bolsa, olhando lá para frente”, disse Daniel Leichsenring, sócio e diretor de investimentos do wealth da WHG, sobre a posição construída em opções de compra do fundo de índice (ETF) listado em Nova York dedicado a ações brasileiras, conhecido como EWZ.

Segundo Leichsenring, a bolsa está “bem barata” em termos de múltiplos, como a relação entre preço e lucro por ação.

Leia também: WHG contrata dois ex-executivos do Credit Suisse para gestora

“Tem um potencial de perda muito limitado se for uma política econômica não favorável aos ativos e, se houver uma nova política econômica, o mercado vai se beneficiar”, afirmou. “É uma assimetria muito favorável.”

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva tem se recuperado nas últimas pesquisas de opinião e alargou a vantagem sobre Tarcísio de Freitas em um eventual segundo turno, de acordo com pesquisa Genial/Quaest divulgada na semana passada.

O mercado supõe conduções fiscais diferentes em caso de vitória do governo, visto como mais expansionista, ou de um candidato de oposição disposto a um ajuste.

A divisão de gestão de riquezas do WHG, que administra em torno de R$ 50 bilhões, também vê uma assimetria no mercado de títulos públicos brasileiro e tem optado por montar posições maiores do que as usuais para seus clientes, dado que as taxas são muito elevadas, afirmou Leichsenring.

“A gente tem uma alocação maior do que a estrutural em NTN-B e em prefixados”, disse o executivo. A posição em NTN-B foi recentemente elevada.

Leichsenring lembra que o mercado precifica Selic estável nos atuais 15% até o fim do ano, uma queda no começo de 2026 e, lá na frente, “coloca os juros perto de 14%, 14,5% por toda a eternidade”.

Leia também: Gestoras de fortunas se multiplicam no Brasil e fusões crescem no segmento

Se houver um pouco de disciplina fiscal, os juros têm potencial de baixar de maneira bastante significativa, avalia. Ele aponta a necessidade de ajuste já que o país não virou a “página de deficiência fiscal”, e se aproxima de um momento em que pode ficar “infinanciável”.

“Há uma assimetria clara para que os juros caiam a um nível abaixo do que o mercado aposta hoje.”