Vontobel Asset vê juro ‘desalinhado’ no Brasil e aposta em queda das taxas

Sinais do Banco Central de que o ciclo de aperto monetário se encerrou, uma retirada do excesso de prêmio de risco e um dólar mais fraco globalmente são uma tríplice bênção para o mercado local, disse o gestor Thierry Larose à Bloomberg News

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Bloomberg — Os juros no Brasil estão fora do lugar, levando em conta as condições financeiras particularmente restritivas e a inevitável desaceleração econômica que elas tendem a provocar, avalia a Vontobel Asset Management, que aposta em uma queda das taxas do DI futuro na B3.

“Vemos as taxas de juros no Brasil como desalinhadas. Gostamos de ‘aplicar juros’ por razões idiossincráticas”, disse à Bloomberg News Thierry Larose, gestor na Vontobel em Zurique, na Suíça, sobre as posições que se beneficiam de taxas nominais mais baixas.

O mercado de juros local tem se beneficiado de uma “tríplice bênção”, disse o gestor: os sinais do Banco Central de que o ciclo de aperto monetário se encerrou, uma retirada do excesso de prêmio de risco e um dólar mais fraco globalmente.

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Dados da B3 compilados pela Bloomberg News indicam que os estrangeiros têm elevado a posição líquida que ganha com a queda das taxas no DI futuro — chamada pelos operadores de posição ‘doada’, ou ‘aplicada’.

Os investidores não-residentes detêm 4,7 milhões de contratos em aberto em juros futuros mais baixas.

O pico recente da posição dos investidores internacionais ocorreu em março, quando mantinham 5,3 milhões de contratos, um patamar que tinha sido visto pela última vez em 2023.

As condições financeiras quase sempre estão apertadas no Brasil, e o período da pandemia de Covid-19 foi quase a única exceção, disse Larose. Segundo ele, a política monetária atua como principal contrapeso à inclinação para a dominância fiscal e à resistência a reformas.

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Câmbio

A Vontobel também mantém uma aposta que se beneficia da alta do real — chamada de posição comprada —, que expressa “uma visão sistêmica” de dólar fraco no mundo em uma moeda brasileira de alto carry.

“Olhando à frente, continuamos acreditando que a moeda será sustentada por juros reais elevados, baixa volatilidade no câmbio e uma retomada dos fluxos de portfólio para mercados emergentes”, disse Larose. “É improvável que o dólar suba e anule os ganhos do carry.”

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Para ele, alguns investidores também se posicionam para um rali eleitoral no Brasil, apostando no retorno da direita ou centro-direita à presidência em 2027, “mas preferimos manter cautela, já que acreditamos que a probabilidade de tal cenário já está mais ou menos precificada”.

A Vontobel Asset é uma gestora de recursos da Suíça que detinha US$ 295 bilhões em junho, de acordo com a sua assessoria de imprensa.

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