Santander vê espaço para corte mais amplo da Selic a partir de janeiro de 2026

Economista do banco, Marco Caruso, diz em entrevista à Bloomberg News que consegue ver a inflação convergir para o centro da meta de 3% ao ano no horizonte relevante

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Bloomberg — Uma ata do Copom lida como menos dura e o IPCA de outubro abaixo do esperado nesta terça-feira animaram os mercados, que ampliaram as apostas de que o Banco Central cortará a Selic em 0,25 ponto percentual em janeiro de 2026.

Marco Caruso, economista do Santander, destoa do consenso e acredita que o BC chegará no início do ano que vem em condições de iniciar o ciclo de alívio monetário de forma mais agressiva, com uma redução de 0,50 ponto percentual.

Para Caruso, a inflação corrente deve seguir em desaceleração, ao mesmo tempo em que ele vê uma continuidade da redução das expectativas para os preços refletidas no boletim Focus.

Ele também destaca que o espaço para um revisão altista no hiato do produto — que mede se a economia opera cima ou abaixo do potencial — é bem menor hoje do que foi no passado.

“Quando coloco essas três coisas e faço combinações de câmbio e IPCA na Focus, consigo ver 3% [de inflação] no horizonte relevante”, ou seja, na meta do Banco Central, disse em entrevista à Bloomberg News. “Janeiro está mais vivo”, afirma o economista.

Segundo ele, o único “fator surpresa” viria do câmbio. A taxa de câmbio opera nesta terça-feira na casa de R$ 5,27, vindo do patamar acima de R$ 5,50 em meados do mês passado.

O banco espera que a Selic chegue a 13% ao ano em 2026.

Alívio até janeiro

Caruso acredita que as condições medidas pelo modelo de projeção de inflação do BC terão tal alívio até janeiro que a autoridade monetária terá conforto para um corte maior, com a inflação no horizonte relevante caindo até 3% — o horizonte relevante é o segundo trimestre de 2027, com estimativa do Copom de 3,3%. “A queda nas expectativas, se assim continuar, abre espaço para isso”, diz.

Se as condições estiverem favoráveis, o próprio mercado deve sinalizar que está aberto a uma queda maior nos juros. “O BC ganhou essa credibilidade nos últimos meses”, diz ele.

Já se esse cenário não se confirmar, o BC pode optar por uma abordagem mais conservadora e cortar a Selic somente em março.

O Bradesco vê corte de juros em janeiro de 0,25pp ainda como mais provável, segundo o economista-chefe do banco, Fernando Honorato, após a divulgação da ata do Copom. Ele cita o reforço na mensagem de funcionamento da política monetária feito no documento e a incorporação das estimativas do efeito da isenção do Imposto de Renda nas projeções do BC.

Para que um corte em janeiro ocorra, diz o Itaú, “serão necessários ajustes adicionais na comunicação de dezembro”, segundo o economista-chefe do banco, Mário Mesquita, em relatório, fazendo referência à última reunião do Copom deste ano.

Ele cita a possível exclusão de trecho no qual o Copom afirma que “não hesitará” em retomar o ciclo de ajuste, caso julgue apropriado.

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