Queda do dólar pode ser só o início de movimento maior, diz CIO da Absolute

Fabiano Rios, sócio-fundador da gestora com R$ 53 bilhões em ativos, defende a avaliação de que a moeda americana pode perder força com o fim do excepcionalismo americano

Fabiano Rios, sócio-fundador e CIO da Absolute Investimentos
09 de Maio, 2025 | 06:21 PM

Bloomberg Línea — O mês de abril foi de retorno generalizado para a indústria de multimercados, com avanço médio de 4% dos fundos da categoria, segundo dados da Anbima (Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais).

Na Absolute Investimentos, gestora com R$ 53 bilhões sob gestão, a posição vendida em dólar foi uma das apostas que impactou positivamente o resultado de seus fundos multimercados no mês.

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Fabiano Rios, sócio-fundador e CIO da gestora, defendeu a visão de que a moeda americana pode continuar em queda, revertendo uma tendência de 14 anos de alta global.

“Gostamos muito da posição vendida em dólar dentro dessa tese do fim do chamado ‘excepcionalismo americano’. Acreditamos que o que está acontecendo agora é o início de um movimento que pode ser muito maior”, afirmou Rios durante o TAG Summit, realizado na última quarta-feira (7) em São Paulo.

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O DXY, índice que mede o desempenho do dólar frente a uma cesta de moedas fortes, acumula baixa de 8,26% em 2025. Contra o real, a moeda americana recua 7,6% no ano.

O “excepcionalismo americano” é o nome da tese de consenso no mercado sobre a superioridade dos ativos americanos contra o resto do mundo.

O conceito, no entanto, perdeu força após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, ter atacado de forma agressiva as bases do comércio global com sua política de tarifas contra os parceiros comerciais dos EUA.

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“Trump está disposto a correr o risco de alguma desaceleração [da economia americana]. Todo o mundo com o qual nos acostumamos está sendo colocado em xeque, e acho que as pessoas não estão enxergando isso”, defendeu.

Para o gestor, é uma oportunidade para o uso de opções para alavancar as posições. “Gosto das opções porque acredito que os movimentos podem ser muito maiores do que o que já foi visto [até aqui neste ano]”.

Lucas Cachapuz, sócio e co-head da estratégia Synergy da BTG Pactual Asset Management, presente no mesmo painel, também defendeu a tese de queda do dólar – mas sem que o movimento seja revertido, necessariamente, em benefício para o Brasil.

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“Com o excepcionalismo americano sendo questionado, é possível haver uma realocação de portfólio, mas não necessariamente para o Brasil, mas, sim, para outros ativos de Europa, Ásia e América Latina”, disse.

Por outro lado, Bruno Serra, portfolio manager do Itaú Janeiro dentro da Itaú Asset, discordou dos colegas e projetou movimento contrário. “Minha tese está mais para um dólar forte, porque talvez os Estados Unidos surpreendam positivamente na margem”, afirmou.

Serra disse acreditar que a queda no consumo americano pode ser parcialmente compensada pela diminuição de custos com importação.

“Um país grande como os Estados Unidos vai ser capaz de trazer de volta alguma coisa de produção. Talvez tenha um impacto menor que o imaginado.”

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Beatriz Quesada

Jornalista especializada na cobertura econômica. Formada pela USP, escreve sobre mercados, negócios e setor imobiliário. Tem passagens por Exame, Capital Aberto e BandNews FM.