Persevera aumenta exposição à bolsa e vê momento favorável a ativos brasileiros

Em entrevista à Bloomberg News, Guilherme Abbud, CIO da gestora, diz que o investidor local ainda não despertou totalmente para o momento favorável, o que deve gerar uma ‘correria’ adiante

'A estratégia de investimentos envolve comprar bons ativos, a preços descontados, mas no momento certo', diz CIO da Persevera, Guilherme Abbud. (Foto: Victor Moriyama/Bloomberg)
Por Barbara Nascimento
10 de Junho, 2025 | 04:18 PM

Bloomberg — A Persevera Asset Management aumentou a exposição à bolsa em seus fundos de ações ao máximo e incrementou risco nas carteiras nos últimos meses, com papéis de consumo doméstico, de olho em um momento favorável para ativos brasileiros depois de anos com preços descontados.

Além do fluxo externo, destravado por uma rotação para fora dos Estados Unidos, no cenário doméstico, o Brasil tem vivido anos sucessivos de crescimento econômico sem um “surto inflacionário”, além de uma perspectiva de fim do ciclo de alta de juros, o que deve sustentar uma boa performance ao menos pelos próximos meses, diz Guilherme Abbud, CIO da Persevera Asset Management, em entrevista à Bloomberg News.

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O Ibovespa (IBOV) subiu quase 14% este ano e registrou entrada de R$ 21 bilhões em fluxo estrangeiro até o fim de maio. Abbud, contudo, acredita que o investidor local ainda não se despertou totalmente para o momento favorável dos ativos brasileiros e está “sem pressa”, o que deve gerar uma “correria” adiante.

“A estratégia de investimentos envolve comprar bons ativos, a preços descontados, mas no momento certo”, diz Abbud. “Agora vivemos uma combinação muito única desses três fatores alinhados, com o mercado muito desalocado”.

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O gestor mantém a visão de tendência positiva dos ativos mesmo após as recentes preocupações fiscais, depois que o governo anunciou um pacote de aumento de impostos que incluem CSLL e IOF, sem medidas estruturais de corte de gastos.

Na renda fixa, a gestora sustenta uma posição aplicada — que ganha com a queda — em taxas de juros futuros de vencimentos mais longos, com destaque para os vencimentos de 2029 e 2033.

Eleição 2026

Abbud também vê um “desgaste como nunca havia ocorrido” tanto do Partido dos Trabalhadores quanto do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e acredita que o cenário eleitoral vai ajudar a prolongar um rali que deve ocorrer nos próximos meses. “Na hora em que as pessoas tiverem pensando em realizar lucros, as eleições vão garantir que vá para cima”, diz.

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A gestora, que é uma parceria com a Fami Capital, tem apostado em novos produtos, reestruturou a marca e quer ampliar o time atual até o fim do ano para sustentar a ampliação dos ativos sob gestão de R$ 500 milhões, há cerca de dois anos, para os atuais R$ 3 bilhões, segundo o CIO.

A Persevera lançou iniciativas na área de fundos condominiais, wealth, fundos estruturados e exclusivos e, esta semana, liquidou um fundo imobiliário com captação de R$ 140 milhões. A iniciativa é uma parceria com a Plano&Plano e busca financiar a aquisição de novos terrenos.

A ideia é diversificar produtos para passar com tranquilidade por diferentes momentos de mercado, diz. Nos últimos anos, a indústria de fundos tem passado por sucessivos resgates.

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“Não podemos ficar reféns de nenhum produto sozinho, nenhum pode ser absolutamente dominante que coloque em risco a continuidade”, diz.

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