‘Payroll’ e tarifas derrubam índices em NY; Ibovespa cai 0,48% e BB recua quase 7%

Investidores reagiram à oficialização de nova rodada de tarifas de Donald Trump e, principalmente, aos dados de perda de força do mercado de trabalho nos EUA em julho, que reacenderam o temor de recessão na maior economia do mundo

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Bloomberg Línea — Durante meses, Wall Street ignorou a guerra comercial de Donald Trump e a postura cautelosa do Federal Reserve de manter a taxa de juros elevada por mais tempo diante de sinais de inflação ainda presentes, confiante de que uma economia resiliente continuaria a sustentar os mercados dos EUA.

Nesta semana, essa confiança começou a se desfazer.

O fraco crescimento do emprego em julho e a mais recente onda de tarifas de Trump abalaram investidores nesta sexta-feira (1 de agosto), intensificando a pressão sobre o presidente do Fed, Jerome Powell, para reduzir as taxas de juros e expondo um novo desconforto com o impulso protecionista da Casa Branca.

O Nasdaq Composite caiu 2,24%, e o S&P 500 teve queda de 1,60%. No Brasil, o Ibovespa também fechou em queda de 0,48%, aos 132.437,39 pontos, sob influência do sentimento negativo global.

Nem mesmo a alta de 0,54% das ações da Vale (VALE3), na esteira do resultado do segundo trimestre divulgado na noite de quinta-feira (31), impediu a queda.

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Um dos destaques negativos foi a ação do Banco do Brasil (BBAS3), que caiu 6,85%, para R$ 18,35, diante de notícias negativas como dados de maio do Banco Central que sugerem lucro no trimestre abaixo do consenso e a decisão do time de analistas do BTG Pactual de cortar o preço-alvo de R$ 30,00 para R$ 24,00, citando preocupações com a inadimplência na carteira do agronegócio.

O dólar se desvalorizou 1,04% em relação ao real, negociado no fechamento a R$ 5,54, diante da queda dos rendimentos dos Treasuries nos EUA.

Um período de três meses de calma quase ininterrupta no mercado foi quebrado nesta sexta-feira (1), depois que um relatório dos EUA mostrou uma forte desaceleração no mercado de trabalho.

Traders correram para a segurança dos títulos do governo - empurrando para baixo os rendimentos das notas de dois anos para 3,71%, a maior queda desde agosto passado -, enquanto aumentavam as apostas para um corte nas taxas no próximo mês quando o Fed voltar a se reunir.

O dólar caiu e o índice S&P 500 continuou seu recuo em relação ao recorde histórico de alta, preparando-se para a pior semana desde abril.

A divulgação de hoje é melhor caracterizada como “bad news are bad news”, em nossa opinião", disse Jeff Schulze, chefe de estratégia econômica e de mercado da ClearBridge Investments.

“Com a criação de empregos em níveis de estagnação e o vento contrário das tarifas à frente, há uma forte possibilidade de um resultado negativo do payroll nos próximos meses, o que pode evocar temores de uma recessão.”

-- Com informações da Bloomberg News.