Ouro sobe quase 1% após tarifas dos EUA; ações globais operam perto da estabilidade

“As complexidades envolvendo tarifas destacam a imprevisibilidade na implementação, como evidenciado pela recente disparada nos preços do ouro”, disse Jochen Stanzl, analista de mercado da CMC Markets

NO RADAR DOS MERCADOS
08 de Agosto, 2025 | 06:58 AM

Bloomberg — As ações europeias e os futuros dos EUA operam perto da estabilidade nesta sexta-feira (8). Já os contratos futuros de ouro em Nova York disparam após os Estados Unidos imporem tarifas sobre barras do metal.

O índice Stoxx 600 da Europa subiu levemente, a caminho de seu maior ganho semanal desde maio.

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Os contratos futuros dos índices acionários dos EUA avançaram cerca de 0,2%. O índice Nikkei-225 teve alta de 1,8% após um negociador comercial do Japão afirmar que os EUA concordaram em encerrar a chamada “acumulação” de tarifas universais e reduzir as tarifas sobre automóveis.

Os futuros do ouro em Nova York dispararam depois que os EUA impuseram tarifas sobre barras de ouro, ameaçando desorganizar os fluxos comerciais vindos da Suíça e de outros importantes centros de refino.

O contrato mais negociado chegou a um recorde histórico intradiário, acima de US$ 3.534 por onça, ampliando seu prêmio em relação ao preço à vista em Londres.

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O S&P 500 está perto de uma máxima histórica após uma alta de 30% desde os níveis mais baixos de abril, impulsionado por resultados corporativos robustos e pela expectativa de que o Federal Reserve reduza os juros para apoiar a economia, à medida que o mercado de trabalho dá sinais de enfraquecimento. No entanto, algumas empresas alertaram os clientes para se prepararem para uma correção de curto prazo, diante das avaliações extremamente elevadas e da persistente incerteza em torno das tarifas.

“Os resultados do segundo trimestre confirmam que a resiliência corporativa continua. No geral, as margens se mantiveram estáveis, enquanto os comentários das empresas indicam que elas têm conseguido lidar bem com o impacto das tarifas até agora”, disseram estrategistas do Barclays liderados por Emmanuel Cau.

“Isso não significa que a incerteza em relação às tarifas tenha desaparecido completamente, já que a formulação de políticas de Trump continua errática.”

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Um índice do dólar ficou estável e os rendimentos dos Treasuries pouco se alteraram após uma fraca emissão de títulos de 30 anos na quinta-feira, sinalizando menor apetite por dívida americana.

O petróleo caminhava para sua mais longa sequência de quedas desde 2021, com sete sessões seguidas de baixa, à medida que os traders avaliam que os esforços dos EUA para encerrar a guerra na Ucrânia não terão impacto relevante sobre a oferta global.

Em seu mais recente ataque comercial, o presidente Donald Trump aumentou as tensões ao mirar na Índia e impor uma tarifa de 39% sobre as exportações suíças para os EUA, enquanto afirmou estar “muito próximo de um acordo” com a China.

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Os EUA também confirmaram que encerrarão a acumulação de tarifas universais sobre o Japão e reduzirão as tarifas sobre automóveis, conforme prometido.

A mudança de posição em relação ao Japão levantou dúvidas sobre o acordo comercial dos EUA com a União Europeia, segundo Jochen Stanzl, principal analista de mercado da CMC Markets.

“Desde o acordo tarifário entre os EUA e a União Europeia, alguma clareza surgiu, mas a confusão sobre sua implementação está apenas começando a aparecer”, disse Stanzl.

“No Japão, houve alívio hoje ao se confirmar que as várias tarifas não serão cumulativas. No entanto, ainda não está claro se as mesmas regras se aplicam ao Japão e à UE. As complexidades envolvendo tarifas destacam a imprevisibilidade na implementação, como evidenciado pela recente disparada nos preços do ouro.”

Veja a seguir outros destaques desta manhã de sexta-feira (8 de agosto):

- Ouro na mira de Trump. Os EUA impuseram tarifas sobre barras de ouro de 1 kg e 100 onças, em um movimento que surpreendeu o setor e elevou os futuros do metal a um patamar recorde em Nova York. A medida ameaça os fluxos comerciais de centros como Suíça, Londres e Hong Kong.

- Japão em modo de espera. Os EUA disseram que reduzirão as taxas sobre automóveis do Japão, mas ainda não há prazo para a implementação. A incerteza tem causado prejuízos bilionários à indústria automobilística japonesa, que pede agilidade nas mudanças. O governo Trump foi criticado por não formalizar o acordo.

- Mudança de rota na Tesla. A empresa decidiu encerrar o projeto de seu supercomputador Dojo, enquanto o líder do programa, Peter Bannon, deixará a empresa. A decisão marca uma mudança estratégica, com Elon Musk optando por depender mais de parceiros como Nvidia, AMD e Samsung.

Ações globais 08/08/25
🔘 As bolsas ontem (07/08): Dow Jones Industrials (-0,51%), S&P 500 (-0,08%), Nasdaq Composite (+0,35%), Stoxx 600 (+0,92%), Ibovespa (+1,48%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.