O que levou os rendimentos dos títulos dos EUA ao maior patamar no ano

Rendimento de Treasuries de 10 anos chegou a 4,45% nesta segunda-feira e atraiu compradores que veem uma oportunidade de ganhos no mercado de renda fixa

Pedestres em frente ao Departamento do Tesouro, em Washington: situação favorece compradores em busca de oportunidades
Por Greg Ritchie - Liz Capo McCormick
08 de Abril, 2024 | 05:05 PM

Bloomberg — Os rendimentos dos títulos do Tesouro dos Estados Unidos atingiram seus níveis mais altos do ano nesta segunda-feira (8), atraindo compradores, à medida que os investidores apontam que dois cortes nas taxas de juros do Federal Reserve (Fed) são mais prováveis de ocorrer neste ano do que três.

A perda de confiança de que o Fed entregará os três cortes de 0,25 ponto porcentual nas taxas juros, como foi apontado na última decisão de política monetária no mês passado, começou a ganhar força na sexta-feira em resposta aos fortes dados de emprego de março.

Contratos futuros que preveem mudanças nas taxas do Fed estavam precificados prevendo a redução de cerca de 60 pontos-base (0,6 ponto) neste ano, começando em setembro, uma visão que atribui menos de 50% de chances a um terceiro corte.

Embora a nova visão tenha levado os investidores a exigir taxas de retorno mais altas em títulos do Tesouro — levando o título de referência de 10 anos acima de 4,45% pela primeira vez desde novembro — a expectativa de um corte de juros, ainda que em um patamar menor, continua a beneficiar o mercado.

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A situação favoreceu os compradores em busca de oportunidades no mercado de futuros. “Os rendimentos do Tesouro estão agora mais próximos do limite superior da nossa faixa esperada e isso cria um ponto de entrada bastante atrativo,” disse Steven Oh, chefe global de crédito e renda fixa da Pinebridge Investments.

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Uma forte demanda por títulos do Tesouro de 10 anos é esperada se o rendimento ultrapassar 4,5%, também pela primeira vez desde novembro. Os rendimentos em toda a curva subiram para novas máximas de 2024, incluindo os de dois anos pela primeira vez desde março.

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Mais sensíveis do que os títulos de longo prazo às mudanças nas taxas do Fed, os rendimentos dos títulos do Tesouro de dois anos subiram para 4,79%, o nível mais alto desde 28 de novembro.

Entre as mudanças nas expectativas com base nos dados de emprego de março, os economistas do JPMorgan Chase previram que o primeiro corte deve ser realizado em julho em vez de junho, embora ainda esperem três cortes este ano.

Os mercados têm reduzido as apostas nos cortes do Fed há dias, à medida que os dados econômicos dos EUA permanecem resilientes e os funcionários do Fed resistem à necessidade de flexibilização. Alguns diretores até enfatizaram o risco de aumentos se o progresso na inflação se estagnar. Os dados de preços ao consumidor dos EUA são esperados para quarta-feira (10) e são o próximo obstáculo para o mercado.

No início do ano, as expectativas eram generalizadas de que os 11 aumentos das taxas pelo Fed nos últimos dois anos não só conteriam a inflação, mas também causariam estresse econômico, levando o mercado a apostar em até seis cortes este ano.

Em vez disso, o avanço em direção a uma inflação mais baixa diminuiu, as métricas de crescimento permaneceram robustas e os investidores continuam a injetar dinheiro em ações e títulos corporativos a um ritmo que sugere que a economia ainda não requer taxas mais baixas.

Isso fez com que os títulos do Tesouro fossem vendidos, desfazendo os portfólios cuidadosamente calibrados de investidores que apostaram que os títulos teriam um grande desempenho. Um índice da Bloomberg dos Treasuries dos EUA perdeu 2% este ano.

“O risco é que você obtenha rendimentos mais altos do Tesouro a partir daqui,” disse Nils Overdahl, um gestor de carteiras sênior na New Century Advisors. “Os dados recentes robustos dão ao Fed espaço para ser paciente. Também há alguma dúvida — dada a força dos dados e que o Fed provavelmente vai cortar este ano — sobre o que isso significa a longo prazo para a formação de preços da inflação.”

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Overdahl disse que a New Century não está se apressando para comprar títulos do Tesouro neste momento. “Você precisa ser paciente, especialmente com a divulgação do CPI na quarta-feira,” disse ele.

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