Nubank supera Petrobras como empresa mais valiosa do Brasil. E é segunda em LatAm

Banco digital comandado por David Vélez e Cristina Junqueira se valorizou mais de 50% neste ano, chegou a US$ 77 bilhões em market cap e agora só fica atrás do Mercado Livre; analistas avaliam as perspectivas de crescimento do negócio

Painéis eletrônicos na NYSE (Bolsa de Nova York) exibem a celebração do Nubank quanto atingiu a marca de 100 milhões de clientes em maio de 2024 (Foto: Divulgação)
28 de Outubro, 2025 | 01:20 PM

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Bloomberg Línea — Em sua trajetória de atração e de reconhecimento de suas perspectivas de crescimento por parte de investidores, o Nubank acaba de atingir mais uma marca simbólica: superou a Petrobras como a empresa mais valiosa do Brasil - e, consequentemente, tornou-se a segunda da América Latina.

A empresa, que está listada na Bolsa de Valores de Nova York desde dezembro de 2021, consolidou sua posição como a segunda maior empresa da região em valor de mercado, atrás apenas do Mercado Livre.

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O marco foi alcançado semanas após a apresentação formal de um pedido para operar como um banco nos Estados Unidos. Essa decisão, embora possa levar até alguns anos para se concretizar em uma operação, marcará um novo capítulo na estratégia de expansão da fintech brasileira.

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Desde então, as ações do Nubank subiram mais de 5% e, até agora, em 2025, acumularam uma valorização da ordem de 50% após fecharem na segunda-feira (27) a US$ 16 por papel. As ações ordinárias da Petrobras (PETR3), por outro lado, caíram perto de 20% neste ano em meio à volatilidade dos preços do petróleo.

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O banco digital liderado por David Vélez e Cristina Junqueira registrou um crescimento anual de 17% em sua base de clientes até o segundo trimestre, com 122,7 milhões de usuários consolidados no Brasil, no México e na Colômbia.

Também informou um lucro líquido trimestral de US$ 637 milhões e um retorno sobre o patrimônio líquido ajustado de 31% no período.

A taxa de atividade de clientes esteve em 83% e a carteira de empréstimos atingiu US$ 27,3 bilhões, com depósitos de US$ 36,6 bilhões.

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As 10 mais valiosas de LatAm

A lista das 10 empresas latino-americanas mais valiosas por capitalização de mercado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg no fechamento de segunda-feira, 27 de outubro, tinha seis empresas brasileiras:

  • Mercado Livre (MELI): US$ 115,7 bilhões
  • Nubank (NU): US$ 77,3 bilhões
  • Petrobras (PETR3, PETR4): US$ 74,7 bilhões
  • Itaú Unibanco (ITUB4): US$ 72,8 bilhões
  • América Móvil (AMX): US$ 68,8 bilhões
  • Grupo México (GMEXICOB): US$ 65,7 bilhões
  • Walmart do México (WALMEX*): US$ 57,9 bilhões
  • Vale (VALE): US$ 52 bilhões
  • BTG Pactual (BPAC11): US$42,4 bilhões
  • Ambev (ABEV): US$ 35,6 bilhões

No Brasil, o Nubank tem mais de 60% de penetração na população adulta e concentra a maior parte de seus usuários.

No México, já conta com 12 milhões de clientes e, na Colômbia, atinge uma cobertura de aproximadamente 10% da população adulta, com 1,4 milhão de cartões de crédito ativos.

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De acordo com Vélez, “a solicitação de uma licença nacional nos EUA nos ajuda a atender melhor nossos atuais clientes nos EUA e, no futuro, a nos conectarmos com aqueles que compartilham necessidades financeiras semelhantes.

Falando a jornalistas em Bogotá na semana passada (20), Vélez disse que o processo de obtenção de licença nos EUA “pode levar vários meses ou até mesmo alguns anos”.

O JPMorgan considerou a decisão positiva, embora com uma visão de médio prazo. “Não esperamos nenhuma mudança nos lucros por ação no curto prazo; se houver, investimentos mais altos poderão pressionar o índice de eficiência no curto prazo“, alertaram analistas do banco em um relatório.

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E apontaram que o ambiente competitivo é intenso nos EUA. “O mercado já está penetrado e os custos de aquisição de clientes são mais altos do que nos países latino-americanos, o que pode ser um desafio.“

De acordo com dados compilados pela Bloomberg, 71,4% dos analistas que cobrem o Nubank recomendam a compra de ações do banco, enquanto 23,8% aconselham a manutenção e apenas 4,8% sugerem a venda. O preço-alvo médio para 12 meses é de US$ 16,66, com um retorno potencial de 4,1%.

Analistas do Bradesco BBI projetam que a empresa registrará lucro líquido de US$ 728 milhões no terceiro trimestre de 2025, um aumento de 14,3% em relação ao trimestre anterior. Os dados serão divulgados em 13 de novembro.

Em relatório, a equipe de equity research do banco disse que espera que “a margem de juros líquida se expanda no trimestre, impulsionada pela melhoria dos custos de financiamento no México e por um aumento nos ativos que rendem juros“.

Os analistas do BBI também observaram que continuam a ver “a carteira de empréstimos do Nu se acelerando, o que deve levar a uma receita líquida de juros que cresça 14,1% em relação ao trimestre anterior“.

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O analista Gustavo Schroden, do Citi, destacou o que apontou como solidez da carteira de crédito e a continuidade do plano de expansão.

Após recente reunião com a equipe de relações com investidores da empresa, ele considerou que o banco “continua muito confortável com a qualidade de sua carteira, tendo feito aumentos graduais nos limites de crédito que devem continuar a ser implementados no segundo semestre de 2025“.

Para analistas do JPMorgan, o foco principal da empresa deve permanecer em suas operações atuais. “Acreditamos que o Nubank precisa continuar a apresentar resultados no México para demonstrar que o negócio é escalável e replicável em novas regiões geográficas”, escreveram.

Por outro lado, eles disseram acreditar que, se a expansão para os Estados Unidos for executada adequadamente, “eladeverá aumentar significativamente seu mercado total endereçável e sua base de ganhos“.

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