Bloomberg — A recuperação do mercado de ações após o choque tarifário imposto pelo presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, reacendeu a atividade global de IPOs.
Empresas sem exposição direta ao comércio exterior buscam fechar negócios antes do final do primeiro semestre - e antes que as tensões geopolíticas voltem a se intensificar.
Após vários anos fracos para as listagens, executivos e investidores se preparavam para um 2025 excepcional, enquanto monitoravam os discursos do então presidente eleito, que prometia ações em relação ao comércio.
O anúncio de tarifas de Trump em 2 de abril mais do que justificou essas preocupações. Em seu rastro, uma série de negócios suspensos resultou no abril mais fraco em volume de ofertas públicas iniciais desde 2020, o auge da pandemia.
Agora, com a diminuição das tensões, as listagens congeladas começam finalmente a avançar. Até o momento, foram arrecadados US$ 43,6 bilhões em IPOs em 2025, um pouco abaixo do mesmo período do ano passado.
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As operações em potencial incluem o EToro Group, uma das primeiras empresas entre as que adiaram os planos. A plataforma de trading e investimento com sede em Israel precificou seu IPO ampliado nos EUA acima da faixa indicativa de mercado, poucos dias após a distensão entre EUA e China. Suas ações subiram 29% na sessão de estreia.
Também nos EUA, a novata do setor bancário Chime Financial potencialmente compete pelo status de maior IPO do país antes do meio do ano. A empresa, avaliada em US$ 25 bilhões em uma rodada de financiamento em 2021, entrou com pedido para uma listagem na terça-feira (13) e pode ser precificada já em junho.
A empresa de plataforma de anúncios para TVs MNTN e a firma de fisioterapia digital Hinge Health lançaram seus IPOs nos EUA esta semana e estão em fase de apresentação aos investidores.
“Vimos muito mais certeza no mercado com os anúncios recentes”, disse Keith Canton, chefe de mercados de ações para as Américas do JPMorgan. “Os piores temores em relação às tarifas provavelmente não se concretizarão.”
Reação extrema
A reação extrema do mercado ao chamado “dia da libertação” de Trump gerou temores de que a janela de IPOs pudesse permanecer fechada por meses.
Embora alguns negócios consideráveis para empresas chinesas e do Oriente Médio tenham avançado, a maioria das companhias que esperavam realizar listagens entre o fim de março e junho congelaram os planos.
A plataforma de ingressos StubHub Holdings e a companhia fornecedora de suprimentos médicos Medline Industries estavam entre os negócios paralisados nos EUA, informou a Bloomberg News. Na Europa, a empresa de investimentos Greenbridge adiou os planos para um IPO em Estocolmo.
Na Ásia, o processo de listagem da unidade indiana da LG Electronics, da Coreia do Sul, que pode levantar até US$ 1,7 bilhão, foi interrompido, disseram pessoas familiarizadas com o assunto que falaram à Bloomberg News.
Semanas depois, uma oferta doméstica da fabricante de máquinas-ferramentas DN Solutions, na Coreia do Sul, com meta de US$ 1,1 bilhão, foi arquivada.
As condições desfavoráveis nos EUA começaram a se dissipar na primeira semana de maio. As ações já estavam em recuperação hesitante quando duas seguradoras, a Aspen Insurance Holdings e a American Integrity Insurance realizaram IPOs de médio porte, e as ações de ambas as empresas subiram em relação aos seus preços de listagem desde o início das negociações em 8 de maio.
“As pessoas estão dispostas a apostar no produto do IPO com os temas certos”, disse Steven Halperin, codiretor de mercados de capitais da Moelis. “Você precisa ser um pouco à prova de tarifas ou recessão se está fazendo um IPO. É só uma questão de que tipo de desconto é necessário”, acrescentou Halperin.
Os retornos melhores da classe de IPOs deste ano podem ajudar a trazer mais negócios à tona. Até o fechamento do mercado dos EUA na quarta-feira (14), o ganho médio ponderado de ações de IPOs precificados até agora em 2025 foi de 26%, mostram dados compilados pela Bloomberg.
As ações de empresas listadas na Ásia subiram uma média ponderada de 52%, enquanto as estreantes europeias ficaram atrás com um avanço de 26%. Já as empresas recém-listadas nos EUA apresentaram um aumento de apenas 4,9%, de acordo com os dados.
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