Bloomberg Línea — O Morgan Stanley elevou sua recomendação para as ações brasileiras em seu relatório de meio de ano, com a mudança de sua posição no portfólio modelo para a América Latina para overweight (OW).
O banco de Wall Street disse acreditar que as condições que impulsionam o que alguns analistas chamaram de “comércio eleitoral andino”, uma narrativa de antecipação de mudanças eleitorais no Chile, na Colômbia e no Peru, estão começando a ser reproduzidas no Brasil.
O mercado poderia se beneficiar de uma mudança na política econômica doméstica, e os incentivos para ganhar exposição a seus ativos têm aumentado.
O Morgan Stanley ressalta que, à medida que o período que antecede as eleições presidenciais, previstas para daqui a 18 meses, se encurta, o cenário político começa a mostrar sinais de pressão sobre a plataforma do partido no poder.

A fraqueza dos índices de aprovação do atual governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva, juntamente com a erosão do modelo fiscal expansionista, abre as portas para uma narrativa de transição econômica que o mercado pode começar a precificar mais cedo, aponta a equipe do banco no relatório.
“Gostamos da relação risco-retorno de curto a médio prazo no Brasil”, escreveram os estrategistas Nikolaj Lippmann, Juan Ayala e Julia Leão.
A equipe mantém uma visão positiva para os setores com receita dolarizada, como o de energia, o agronegócio e o de digitalização.
“O Brasil está barato, tem um mercado de capitais profundo com posicionamento extremo em relação à renda fixa para financiar um déficit orçamentário próximo a 10%, combinado com uma alocação recorde de baixa para ações”, dizem os estrategistas no relatório.
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O Morgan Stanley também adverte que a participação das ações nos fundos mútuos locais permanece em níveis historicamente baixos, com apenas 6% do total, o que reforça o argumento de que ainda há amplo espaço para uma rotação para ações se as condições financeiras se tornarem mais favoráveis.
Embora não prevejam uma transformação fiscal antes de 2027, eles acreditam que “a mera possibilidade de uma transformação poderia mudar a relação risco-retorno em favor das ações”.
Com os valuations ainda deprimidos e um calendário político que poderia atuar como catalisador, o Morgan Stanley argumenta que o caso brasileiro começa a se assemelhar ao de países como o Chile, onde o mercado antecipou uma nova narrativa econômica.
Em outras partes da América Latina, o Morgan Stanley manteve sua posição neutra (EW) em relação ao México: disse acreditar que, embora o valor terminal do mercado tenha melhorado devido à realocação industrial, os riscos de curto prazo associados à desaceleração econômica persistem.
Em contrapartida, a empresa reduziu sua recomendação para o Chile para underweight (UW), após uma forte recuperação nos últimos meses, e reiterou sua visão cautelosa sobre a Colômbia e o Peru, também classificados como underweight, devido à fraqueza fiscal e à visibilidade reduzida do estímulo externo, especialmente da China.
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