Mercados recuam com novo sinal de fraqueza na China e monitoram rumo do petróleo

Os investidores reavaliam o cenário na China após desaceleração no setor de serviços, vêem no petróleo riscos inflacionários e aguardam dados de atividade nos EUA e na Europa

Por

Barcelona, Espanha — Novos sinais de desaceleração na China e o risco inflacionário associado à recente alta do petróleo são fatores de preocupação na volta do feriado nos Estados Unidos. Os investidores avaliam as perspectivas de uma pausa na alta dos juros na Europa, enquanto aguardam sinais do Banco Central Europeu (BCE) e indicadores de atividade na região.

Os futuros de índices dos EUA operavam com perdas, assim como as bolsas europeias. Na Ásia, a maioria dos índices fechou em baixa, embora o japonês Nikkei tenha avançado.

Os gestores globais continuam insensíveis às medidas do governo chinês para apoiar a economia. O mercado acionário local registrou uma venda recorde de ações chinesas por parte de fundos globais, levando o posicionamento para o menor patamar em quase um ano. Os fundos estrangeiros venderam cerca de US$12 bilhões em ações do país em agosto.

As expectativas dos consumidores em relação à inflação nos próximos 12 meses na Zona Euro continuaram acima da meta em julho, em 3,4% segundo o Banco Central Europeu (BCE). A pesquisa mensal do banco central também mostrou que as expectativas para os três anos seguintes subiram de 2,3% para 2,4%. O BCE se reúne no próximo dia 14 para decidir se eleva mais uma vez os juros ou faz uma pausa.

O rendimento do título norte-americano para 10 anos subia para 4,215% às 06:04 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro e a libra se depreciavam em relação ao dólar.

Em outros mercados, o ouro e o bitcoin declinavam, assim como os contratos de petróleo WTI. O petróleo bruto subiu cerca de +25% desde o final de junho, em meio a reduções na oferta – lideradas pela Arábia Saudita e pela Rússia. O mercado espera que nos próximos dias os dois países anunciem seus próximos passo em relação à produção, com perspectiva de que o corte na oferta seja estendido.

→ O que move os mercados hoje

👁️‍🗨️ Com a palavra. Em sua primeira manifestação desde o vendaval na Americanas que levou a varejista à recuperação judicial por fraude contábil, o ex-CEO da varejista brasileira Miguel Gutierrez apontou o dedo aos acionistas bilionários da empresa. “Tornei-me um bode expiatório a ser sacrificado em nome da proteção de figuras notórias e poderosas do capitalismo brasileiro”, disse ele em documento enviado a uma comissão do Congresso que investiga o caso.

🧧 Incorporadoras em apuros. A chinesa Country Garden Holdings evitou hoje seu primeiro risco de calote e pagou cupons de títulos de dois dólares dentro dos períodos de carência. Levantamento da Bloomberg mostra que das 50 maiores do setor privado por emissão de títulos em dólares, 34 já sofreram inadimplência em dívidas offshore devido à crise imobiliária no país. Os 16 restantes, incluindo a Country Garden Holdings, precisam fazer frente neste mês a US$1,48 bilhão em pagamentos de juros ou principal de títulos públicos onshore e offshore.

📱 Independência tecnológica. A China está tentando levantar um fundo de 300 bilhões de yuans (US$40 bilhões) para financiar investimentos na fabricação e pesquisa doméstica de chips. Segundo a Reuters, o Grande Fundo, como é conhecido, conta com 60 bilhões de yuans do Ministério das Finanças e busca reduzir a dependência do país da tecnologia americana.

🌟 Visão otimista. O Goldman Sachs (GS) está mais otimista em relação à economia norte-americana e avalia que a probabilidade de uma recessão passou de 20% para 15%. Os dados mais moderados de inflação e emprego sugerem que o Federal Reserve (Fed) pode evitar novos aumentos de juros. Para Jan Hatzius, economista-chefe do banco, um aumento de juros em setembro pelo Fed está “fora de questão”.

💲 Negociação avançada. A empresa de private equity Thoma Bravo negocia, segundo a Bloomberg, a aquisição da empresa de software de registros de saúde NextGen Healthcare (NXGN), cuja avaliação de mercado é de cerca de US$1,3 bilhão. Em junho, a Thoma Bravo vendeu a fabricante de software financeiro Adenza para a Nasdaq por US$10,5 bilhões e em julho assinou um acordo de US$3,6 bilhões para vender a Imperva, outra fabricante de software, para a Thales SA.

🧴 Sem acordo. As ações da L’Occitane chegaram a cair quase 30% em Hong Kong, um recorde para a companhia, após o presidente da empresa, Reinold Geiger, desistir de um acordo para tornar a empresa privada, cujo valor de mercado era de US$5,2 bilhões na segunda-feira. No fechamento, marcaram 17,27% de queda, a HK$ 23,00.

🇨🇳 Desaceleração em curso. O índice de gerentes de compras de serviços da China medido pela Caixin desacelerou de 54,1 em julho para 51,8 em agosto, o pior desempenho deste ano, ampliando as perspectivas sombrias sobre a economia e crise imobiliária que afetam os gastos das famílias.

🟢 As bolsas ontem (04/09): Dow Jones Industrials (--), S&P 500 (--), Nasdaq Composite (--), Stoxx 600 (-0,04%), Ibovespa (-0,10%)

Sem negociações nos EUA devido ao feriado do Dia do Trabalho, os mercados consideraram o apoio ao setor imobiliário na China, o aumento dos preços do petróleo e as incertezas em relação às taxas de juros nos EUA e na Europa.

Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.

Na agenda

Esta é a agenda prevista para hoje:

PMI de Serviços e Composto/Ago: Zona do Euro, Reino Unido, Alemanha, França, Itália, Espanha, Brasil

EUA: Índice de Otimismo Econômico- IBD/TIPP, Índice de Tendência de Emprego/Ago, Pedidos de Bens Duráveis/Jul, Encomendas à Indústria/Jul, Total de Vendas de Veículos

Europa: Zona do Euro (IPP/Jul)

América Latina: Brasil (Produção Industrial/Jul); México (Confiança do Consumidor)

Bancos centrais: Discurso de Christine Lagarde, Luis de Guindos e Isabel Schnabel (BCE)

🗓️ Os eventos de destaque na semana →

Leia também:

Fed e El Niño levam emergentes a rever ritmo de corte de juros; Brasil é exceção

Expectativas para o IPO da Arm esfriam à medida que ‘roadshow’ começa