Barcelona, Espanha — Os balanços corporativos nos Estados Unidos serão o motor da semana. Enquanto avaliam o impacto da inflação e do encarecimento do crédito na saúde financeira das empresas, os investidores se orientarão pela expectativa em torno dos juros, já que na próxima semana tanto o Federal Reserve (Fed) como o Banco Central Europeu (BCE) arbitram sobre suas taxas. No radar também está a possibilidade de que o governo chinês conceda novos estímulos à sua titubeante economia, embora até o momento Pequim tenha indicado medidas mais direcionadas e pontuais.
No mercado asiático, onde as bolsas do Japão e de Hong Kong permaneceram fechadas por feriado, o fechamento foi misto, com queda de quase 0,9% para o índice chinês. Os futuros de índices dos EUA operavam quase todos em ligeira queda, com exceção do contrato indexado ao Nasdaq.
Na Europa, as ações do setor de luxo e commodities levaram as bolsas à sua primeira queda em sete dias, devido às preocupações com a lenta recuperação da economia chinesa. As ações da LVMH e da Hermes International recuaram. A suíça Richemont perdeu mais de 8% pela preocupação com a demanda no gigante asiático e após a dona da Cartier relatar uma queda inesperada nas vendas nas Américas.
Dados mais fracos da China também pesaram sobre os preços dos metais. Como resultado, os papéis dos gigantes do setor de recursos Anglo American Plc, Glencore Plc e Rio Tinto Plc caíram na Europa.
Com sua forte dependência do mercado de importação chinês, a Europa é especialmente vulnerável. As empresas ligadas à energia e matérias-primas juntas representam cerca de 12% do Stoxx Europe 600, e as indústrias de consumo discricionário respondem por 11%. Os estrategistas do JPMorgan Chase & Co. esperam mais fraqueza na região devido a rendimentos mais baixos dos títulos, bem como decepções nos lucros.
No mercado de dívida, o prêmio do título norte-americano para 10 anos recuava para 3,80%, cotados a US$96,58, às 6h38 (horário de Brasília). Entre as divisas, o euro de apreciava e a libra se apreciavam frente ao dólar.
Em outros mercados, os contratos de petróleo WTI e de ouro recuavam, assim como o bitcoin.
→ O que move os mercados hoje
🤐 Agenda cheia, semana de silêncio. O panorama sobre os juros nos EUA segue na pauta dos investidores. Mas dos membros do Fed o mercado, esta semana, não pode esperar muito. É que eles estarão em período de silêncio pré-Comitê de Mercado Aberto (FOMC, na sigla em inglês). Enquanto os formulares de política monetária guardam suas pistas sobre o rumo do custo do dinheiro, o mercado acompanha indicadores macroeconômicos dos EUA como vendas no varejo (amanhã), licenças de construção (quarta-feira) e vendas de casas existentes (quinta-feira). Os dados são relevantes porque dão uma ideia sobre como o Fed manejaria o pouso da economia. Suave ou forçado?
🧭 Os balanços como Norte. As demonstrações financeiras devem dar uma direção crucial para os mercados, com centenas de empresas apresentando suas cifras nas próximas semanas. Espera-se que as empresas do S&P 500 registrem uma queda de 9% em seus lucros no segundo trimestre, tornando-se a pior temporada desde 2020, de acordo com dados compilados pela Bloomberg Intelligence. Na Europa, a performance pode ser ainda pior, com uma queda projetada de 12%.
🆘 Economia pede apoio. A China voltou a publicar números fracos nesta manhã, renovando as preocupações sobre a capacidade de a economia do gigante asiático se recuperar. As vendas no varejo subiram de +12,7% em maio para apenas +3,1% em junho, o Produto Interno Bruto (PIB) do segundo trimestre expandiu-se +6,3% (contra estimativas de +7,1% dos economistas consultados pela Bloomberg) e o investimento imobiliário no semestre caiu a uma taxa anual de -7,9%, contração que se deu a um ritmo mais acentuado que o previsto. Diante destes números, o mercado espera que o anúncio de novas medidas de apoio econômico pelo governo chinês.
🪖 No front de guerra. A Rússia disse que dois drones ucranianos causaram explosões que danificaram sua principal ponte para a Crimeia. As explosões ocorreram no momento em que se esgota o tempo para um acordo que permite a exportação de grãos do Mar Negro da Ucrânia.
🖇️ Conexão UE-LatAm. Líderes da União Europeia tentam reiniciar as relações com a América Latina ao receberem seus colegas da região, em uma competição por influência e laços comerciais contra a Rússia e a China. “Queremos discutir hoje como conectar ainda mais nossos povos, como conectar ainda mais nossos negócios, como reduzir os riscos, como fortalecer e diversificar nossas cadeias de suprimentos e modernizar nossas economias de maneira a reduzir as desigualdades e beneficiar a todos”, disse Ursula von der Leyen, chefe da Comissão Europeia, ao receber o presidente brasileiro Luiz Inácio Lula da Silva.
🟢 As bolsas na sexta-feira (14/07): Dow Jones Industrials (+0,33%), S&P 500 (-0,10%), Nasdaq Composite (-0,18%), Stoxx 600 (-0,11%), Ibovespa (-1,30%)
Apesar do fechamento morno na sexta-feira, os principais índices de Wall Street encerraram a semana com uma nota positiva, com dados animadores da inflação nos EUA dando motivos para crer em uma pausa na alta dos juros pelo Fed. Além disso, ajudou o mercado o forte impulso das ações de tecnologia nos EUA, em meio a um boom na inteligência artificial.
→ Saiba mais sobre o vaivém dos Mercados e se inscreva no After Hours, a newsletter vespertina da Bloomberg Línea com o resumo do fechamento dos mercados.
Na agenda
Esta é a agenda prevista para hoje:
• Feriados: Japão e Hong Kong
• EUA: Índice Empire State de Atividade Industrial/Jul)
• Europa: Zona do Euro (Total de Ativos da Reserva/Jun); Itália (IPC/Jun); Espanha (Confiança do Consumidor)
• Ásia: China (Investimento em Ativos Fixos/Jun, PIB/2T23, Produção Industrial/Jun, Vendas no Varejo/Jun, Taxa de Desemprego na China/Jun)
• América Latina: Brasil (Boletim Focus, IBC-Br, IGP-10/Jul)
• Bancos centrais: Discursos de Christine Lagarde e Philip Lane-BCE, Relatório Mensal do Bundesbank)
• Balanços do dia: First Republic Bank, Barnes & Noble, BancFirst, Home Bancorp, Bed Bath & Beyond
🗓️ Os eventos de destaque na semana →
Leia também:
IA generativa do Google tem lado obscuro que envolve trabalho humano