Bloomberg — Os mercados privados e públicos parecem estar prestes a convergir, enquanto ambos disputam o dinheiro disponível dos investidores de varejo, de acordo com a CEO da Amundi, Valerie Baudson.
Em discurso na conferência de capital privado do IPEM, em Paris, Baudson disse que o dinheiro de varejo será uma oportunidade para os próximos cinco anos.
Abrir o acesso a estes investidores individuais será um tema central para a próxima década, afirmou Philipp Freise, codiretor de private equity europeu da KKR.
“Nossos clientes querem diversificação nos mercados privados”, disse Baudson, que comanda a maior gestora de ativos da Europa, com cerca de € 2,3 trilhões (US$ 2,7 trilhões) em ativos, durante a conferência nesta quinta-feira (25). Isso significa que tanto o dinheiro privado quanto o público devem se alinhar em termos de clientes, provedores e produtos, acrescentou.
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Gigantes do mercado privado, como a Apollo, já começaram a recorrer a investidores de varejo ricos na Europa como uma fonte fértil de novos fundos.
Após anos de expansão vigorosa, o setor de crédito privado, avaliado em US$ 1,7 trilhão, busca novas áreas de crescimento, à medida que fontes tradicionais de captação se estabilizam.
“A democratização do setor é uma tendência atual”, disse Freise em entrevista à Bloomberg TV, nos bastidores da conferência. “Estamos apenas no início, mas será uma megatendência pelos próximos 10 anos, com certeza.”
Nos Estados Unidos, no mês passado, o presidente Donald Trump assinou uma ordem executiva que facilita o acesso a private equity e outros ativos alternativos em planos 401(k), uma vitória para as indústrias que buscam acessar parte dos cerca de US$ 12,5 trilhões mantidos nessas contas de aposentadoria.
Na Europa, várias empresas, como o Morgan Stanley Investment Management e Ares Management iniciaram fundos abertos ao dinheiro de varejo.
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Como parte da estratégia da Amundi de expansão no setor de mercados privados, a empresa comprou a gestora de ativos suíça Alpha Associates em um negócio de € 350 milhões no ano passado. No entanto, Baudson observou que lidar com clientes de varejo é muito mais complicado do que com os institucionais.
Reforma da Previdência
Freise, da KKR, argumentou que o setor de previdência precisa ser transformado para permitir que mais poupadores invistam em mercados privados.
“Em uma sociedade em envelhecimento, as pessoas precisam ter conforto, confiança e segurança em sua aposentadoria e em suas economias para a aposentadoria”, disse Freise.
“Nosso sistema previdenciário precisa se reformar para dar acesso a investimentos que realmente gerem os retornos necessários para permitir que você se aposente com esse tipo de reserva.”
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A Apollo, que lançou recentemente uma série de fundos para investidores individuais ricos na Europa, estima que exista uma oportunidade de US$ 15 trilhões em toda a Europa e Oriente Médio para ativos das famílias, o que inclui investimentos pessoais, poupanças e dinheiro.
O uso dos chamados secundários, um mercado de negociação de participações em fundos privados, provavelmente será uma das estratégias mais bem-sucedidas nos próximos anos, de acordo com Baudson, da Amundi.
Os secundários de crédito privado já foi um nicho discreto do setor. Mas, com o crescimento da indústria, se tornou um dos segmentos de crescimento mais rápido.
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