Maior fundo soberano do mundo perde US$ 34 bi com queda de ativos no 3º tri

Queda foi influenciada por ações de big techs, como Apple, Microsoft e Nvidia, que haviam ajudado a impulsionar retorno de 10% para o investidor no 1º semestre

Nicolai Tangen, center, and Trond Grande.
Por Kari Lundgren
24 de Outubro, 2023 | 08:23 AM

Bloomberg — O fundo soberano da Noruega, que administra US$ 1,4 trilhão, relatou uma perda de 2,1%, ou de US$ 34 bilhões, no terceiro trimestre, depois que os mercados financeiros foram prejudicados pelas preocupações com o crescimento global.

O maior proprietário único de empresas listadas do mundo perdeu 2,1% em ações no período e 2,2% em investimentos em renda fixa, de acordo com um comunicado divulgado nesta terça-feira (24).

No geral, o retorno total do fundo foi 0,17 ponto percentual superior ao do benchmark com o qual se compara, apesar das quedas em todas as classes de ativos. A última vez que reportou uma perda trimestral foi há um ano.

“Podemos apontar para as taxas de juros crescentes ao longo do trimestre”, disse o vice-diretor executivo, Trond Grande, em uma entrevista nesta terça-feira. As ações de energia tiveram o melhor desempenho, enquanto as de tecnologia, indústria e consumo discricionário puxaram o retorno para baixo.

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A perda ocorre após a queda das ações de tecnologia, como Apple (AAPL), Microsoft (MSFT) e Nvidia (NVDA), que ajudaram a impulsionar um retorno de 10% para o investidor no primeiro semestre do ano, uma recuperação em relação ao ano anterior, quando a inflação pesou sobre os mercados globais.

A inflação continua a ser problemática, disse o CEO Nicolai Tangen em agosto, acrescentando que o calor e as condições climáticas extremas relacionadas às mudanças climáticas tornam mais difícil controlar os preços.

“Saímos de um longo período de taxas ultrabaixas e liquidez abundante”, disse Grande nesta terça. “Quando as taxas começam a subir, isso requer alguns ajustes nos modelos de negócios que estávamos acostumados às taxas mais baixas”, disse ele. “Isso, a curto prazo, é o que precisa se desdobrar na economia global”.

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Criado na década de 1990 para investir as receitas de petróleo e gás da Noruega no exterior, o fundo – também conhecido como Norges Bank Investment Management (NBIM) – detém cerca de 1,5% das ações globais, seguindo em grande parte um índice de referência com base em um portfólio estabelecido pelo parlamento.

“Tivemos quinze ou vinte anos de globalização e aumento da cooperação entre as nações, cadeias de suprimentos mais longas”, disse Grande. “Isso está mudando agora - há muita conversa sobre ‘derisking’, sobre produção próxima e local. Isso terá consequências para as empresas e sua lucratividade.”

O ministério das Finanças da Noruega pediu ao fundo soberano para fornecer orientações sobre se o capital privado deve ser adicionado ao seu portfólio, uma possibilidade explorada pela última vez pelo fundo em 2018. A gestora afirmou no mês passado que as aquisições de capital privado superaram significativamente as ações públicas.

O NBIM perdeu 3,3% em seus ativos imobiliários não listados, enquanto a perda em infraestrutura de energia renovável não listada foi de 2,4%.

O fundo tinha 70,6% em ações até o final de setembro, 27,1% em títulos, 2,2% em imóveis não listados e 0,1% em infraestrutura de energia renovável.

O governo depositou 139 bilhões de coroas norueguesas (cerca de US$ 13 bilhões) no fundo no trimestre.

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