Inflação como ponto de virada no Fed e os eventos que movem os mercados

Todos os olhos se dirigem ao IPC dos EUA, crucial para definir os próximos passos na política monetária; o dia também inclui balanços e expectativas sobre o rumo do S&P 500

Estes são os eventos que orientam os investidores e movem os mercados hoje
13 de Fevereiro, 2024 | 06:27 AM

Barcelona, Espanha — A referência para toda a semana chega hoje com a inflação nos Estados Unidos. O índice de preços ao consumidor de hoje será um ponto de partida muito importante para qualquer movimento de corte dos juros pelo Federal Reserve (Fed) este ano.

Se a inflação dos EUA não decepcionar, o S&P500 tem tudo para se consolidar acima de 5.000 pontos. O mercado já descontou que a maioria dos resultados corporativos do quarto trimestre seja favorável.

🤼‍♀️ Inflação x Juros. Estima-se que a inflação anual dos EUA caia de +3,4% em dezembro para 2,9% em janeiro - e, para o núcleo, que passe de +3,9% para +3,7%. Confirmadas as projeções, esta seria a primeira vez que a inflação ficaria abaixo de 3% desde março de 2021. A análise do mercado de swaps sugere que os investidores estimam apenas 15% de chances de o Fed reduzir as taxas em março, uma queda significativa em relação aos 65% previstos há um mês. Para 2024, agora se espera que ocorram quatro cortes de 25 pontos-base, em contraste com os sete antecipados no fim do ano passado.

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💸 O risco dos reajustes. O presidente do Fed de Richmond, Thomas Barkin, disse que uma ameaça latente ao retorno da inflação à meta de 2% vem das empresas norte-americanas. Muitas delas reajustaram preços para melhorar suas margens de lucro, uma prática que pode ser difícil de mudar e que pressionaria a inflação para cima.

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♟️ O tabuleiro do mercado. Ontem foi uma das raras sessões em que os Sete Magníficos (Apple, Alphabet/Google, Microsoft, Amazon, Meta, Tesla e Nvidia tiveram um desempenho claramente inferior (-0,83%) que o S&P 500 (-0,09%). A sessão destacou a tendência contínua de diferenciação entre as empresas de megacapitalização. A Tesla experimentou uma queda significativa de -2,81%, tornando-se o segundo pior desempenho no S&P 500 em 2024, com uma queda de -24,3%. Em contraste, a Nvidia alcançou um novo recorde histórico, com um aumento modesto de +0,16%, e tem sido a ação com melhor desempenho no S&P 500 desde o início do ano, , acumulando +45,9% de alta e adicionando US$ 561 bilhões ao seu valor de mercado.

Esse ganho de seis semanas para a Nvidia superou o valor de mercado total da maior empresa da Europa, a Novo Nordisk (US$ 540 bilhões). A Nvidia até ultrapassou brevemente a Amazon como a 4ª maior empresa listada no mundo, beneficiando-se de um aumento no sentimento dos fabricantes de chips após ganhos consistentes da ARM Holdings.

O SoftBank, com uma participação significativa na ARM, subiu +6,3% durante a noite. O dono do veículo de investimento, Masayoshi Son, adicionou cerca de US$ 3,8 bilhões ao seu patrimônio líquido este ano, uma vez que o aumento do preço das ações da Arm reforça o valor de suas participações na SoftBank.

🆙 Salário, uma ameaça. O crescimento dos salários no Reino Unido desacelerou menos do que o esperado no quarto trimestre, respaldando a cautela do Banco da Inglaterra (BoE) em não agir muito rapidamente para reduzir os juros. Os salários, excluindo os bônus, subiram 6,2% frente ao ano anterior, abaixo dos 6,7% revisados para cima nos três meses até novembro, segundo dados oficiais. Os economistas haviam previsto uma leitura de 6%.

🗺️ Novos tempos, novo mapa. Os últimos números de crescimento do Japão devem confirmar que o país caiu para a quarta maior economia do mundo no ano passado, um desenvolvimento que reflete o impacto de sua moeda fraca e o envelhecimento demográfico. Embora a economia tenha retornado a um crescimento anualizado de 1,2% no 4T23, depois de uma contração contundente no verão, é quase certo que os números do ano corrente, programados para a quinta-feira, mostrem que o valor da produção ficou atrás do da Alemanha em termos dolarizados. A economia da Índia, por sua vez, está pronta para ultrapassar ambas nos próximos anos.

📈 O vaivém dos ativos. Os contratos futuros de índices dos EUA operavam em queda. As bolsas europeias declinavam. Na Ásia, muitos mercados estiveram fechados para o feriado do Ano Novo Lunar - China, Hong Kong, Taiwan e Vietnã. O japonês Nikkei subiu com força.

Os prêmios dos títulos soberanos dos EUA a 10 anos hoje recuavam. Os contratos de petróleo WTI se valorizavam, assim como aqueles atrelados ao ouro. O bitcoin perdia ligeiramente seu valor.

(Com informações de Bloomberg News)

🗓️ AGENDA: Os eventos e indicadores em destaque hoje e na semana →

Os mercados
🔘 As bolsas ontem (12/02): Dow Jones Industrials (+0,33%), S&P 500 (-0,09%), Nasdaq Composite (-0,30%), Stoxx 600 (+0,54%), Ibovespa (--)
Michelly Teixeira

Jornalista com mais de 20 anos como editora e repórter. Em seus 13 anos de Espanha, trabalhou na Radio Nacional de España/RNE e colaborou com a agência REDD Intelligence. No Brasil, passou pelas redações do Valor, Agência Estado e Gazeta Mercantil. Tem um MBA em Finanças, é pós-graduada em Marketing e fez um mestrado em Digital Business na ESADE.