Índices da Ásia apontam para abertura mista com cautela de investidores no exterior

Investidores aguardam a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) de fevereiro, dos EUA, que pode dar indícios sobre os próximos passos do Fed

Painel de ações na Bolsa de Tóquio
Por Jason Scott - Rita Nazareth
11 de Março, 2024 | 08:40 PM

Bloomberg — As ações asiáticas apontavam para aberturas mistas na terça-feira (12) após negociações cautelosas em Wall Street antes da divulgação de dos dados de inflação que podem influenciar a decisão do Federal Reserve de iniciar uma flexibilização monetária.

Os índices futuros apontavam para novas quedas no Japão após seus dois benchmarks de ações caírem mais de 2% na segunda-feira, em meio a crescentes especulações de que o banco central do país pode aumentar as taxas de juros. As ações de Hong Kong e da China indicavam alta, enquanto as ações australianas operavam com estabilidade.

As ações dos EUA recuaram na segunda-feira (11), à medida que investidores aguardam mais pistas sobre se o recente aumento nos preços ao consumidor foi apenas um soluço ou uma indicação de que a tendência desinflacionária encontrou um obstáculo.

Após fechar em máximas recordes 16 vezes este ano, o S&P 500 mostra sinais de superaquecimento, gerando alertas sobre uma consolidação em curto prazo.

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As expectativas de inflação dos consumidores dos EUA para os próximos três anos subiram em fevereiro — e aumentaram ainda mais rapidamente para o horizonte de cinco anos, de acordo com uma pesquisa da regional de Nova York do Federal Reserve.

Os números foram divulgados antes dos dados do CPI que serão publicados na terça-feira. O CPI (Índice de Preços ao Consumidor) de fevereiro deve mostrar que a inflação provavelmente diminuiu apenas gradualmente no mês passado — ilustrando por que os diretores do Fed não têm pressa em reduzir as taxas.

A Boeing (BA) estendeu sua queda em 2024 para mais de 25% em meio a uma investigação criminal dos EUA. A Meta Platforms (META) caiu quase 4,5%. A Tesla (TSLA) se recuperou.

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Nas últimas horas, a Oracle (ORCL) informou vendas trimestrais fortes e o crescimento em seu negócio de computação em nuvem, amplamente observado por investidores, se estabilizou.

Os títulos do Tesouro caíram, com os traders se preparando para mais uma onda de vendas de dívida corporativa de alta qualidade. O bitcoin atingiu US$ 72.000.

“Seria natural esperar alguma complicação, algum obstáculo, para trazer as expectativas dos investidores de volta à Terra”, disse Jason De Sena Trennert, da Strategas. “Os preços das ações, os spreads de crédito e o preço do ouro e do bitcoin sugerem que as condições monetárias estão longe de ser restritivas.”

Na Ásia, as expectativas de que o Banco do Japão ajustará a política de juros na reunião de 18 a 19 de março foram ainda mais alimentadas por relatos de que o banco considera abandonar seu programa de controle da curva de rendimentos e que um número crescente de formuladores de políticas está inclinado a encerrar as taxas negativas devido ao esperado aumento maior dos salários este ano.

Na segunda-feira, o Topix fechou com queda de 2,2% em Tóquio, com recuo de 31 dos 33 sub-setores. O Nikkei 225, com forte presença de exportadores, também caiu 2,2%.

Nos EUA, uma pesquisa realizada pela 22V Research mostrou que 45% dos investidores esperam que a reação do mercado ao Índice de Preços ao Consumidor nesta terça-feira seja de aversão ao risco.

Embora a maioria ainda aposte que o CPI está em um caminho favorável ao Fed, na direção da meta de 2%, a parcela daqueles que pensam que as condições financeiras precisariam se estreitar aumentou para 36% em relação a 22%.

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Embora o S&P 500 tenha caído em apenas quatro vez em dias de divulgação do CPI nos últimos 12 meses, a volatilidade aumentou nessas sessões este ano. Nos últimos seis meses, o indicador de ações tem se movido cerca de 0,8% em qualquer direção no dia em que o CPI é divulgado, de acordo com dados compilados pela Bloomberg. Isso é o maior nível desde abril e mais do que os menos de 0,5% em setembro.

Para Anthony Saglimbene, da Ameriprise, os investidores provavelmente já incorporam muitas boas notícias nos preços das ações e avançam em relação aos dados recebidos que sustentam a narrativa de pouso suave.

“É provável que as ações estejam atrasadas para alguma consolidação ou até mesmo um período prolongado de declínios modestos em algum momento do ano”, observou. “Sem uma mudança significativa no cenário fundamental, suspeitamos que os investidores acolheriam tal baixa e tratariam o evento como uma oportunidade de compra.”

Outro aspecto é que os lucros robustos de alguns dos gigantes da tecnologia também reduziram as avaliações muito altas. Eles permanecem relativamente esticados — mas ainda estão bem abaixo dos picos anteriores.

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O grupo das chamadas “Sete Magníficas”, por exemplo, negocia perto de sua média de relação preço/lucro desde 2015, mostram dados compilados pela Bloomberg. O grupo é composto pela Apple, Alphabet, Amazon, Meta Platforms, Microsoft, Nvidia e Tesla.

O número de estrategistas de Wall Street que reduzem as preocupações sobre uma bolha nas ações de gigantes de tecnologia dos EUA só cresce.

A equipe do JPMorgan Chase foi a mais recente a destacar que os valuations dos sete gigantes da tecnologia que lideraram a impressionante alta em Wall Street estão atualmente mais baixas em relação ao restante do S&P 500 do que a média dos últimos cinco anos.

“Há uma preocupação com o desempenho muito forte das Sete Magníficas, mas observamos que o grupo atualmente negociando menos esticado do que há alguns anos, dadas as entregas de lucro”, escreveu o estrategista Mislav Matejka em uma nota.

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