Ibovespa recua e dólar sobe a R$ 5,55 com tarifas de Trump; Minerva cai 2,7%

Outras empresas do país com exposição ao mercado americano também operavam em queda, como Embraer, Suzano e WEG

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Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) recuava nesta tarde de quinta-feira (10), com investidores avaliando os impactos da escalada da tensão comercial entre Estados Unidos e Brasil após o presidente americano Donald Trump ter anunciado novas tarifas de 50% aos produtos brasileiros.

O principal índice da B3 recua 0,69% por volta das 15h30, aos 136.500 pontos. Já o dólar avançava em relação ao real com o clima de aversão a risco e tinha alta de 0,87%, cotado a R$ 5,55.

A reação adversa do mercado veio após Trump anunciar na tarde de quarta-feira (9) que vai impor uma tarifa de importação de 50% sobre produtos brasileiros a partir de 1º de agosto de 2025. Caso seja de fato implementada, a medida ampliará a taxação de 10% previamente estipulada em abril.

O comunicado foi feito por meio de uma publicação na Truth Social, rede social criada por Trump.

O republicano também enviou uma carta aberta ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, criticando o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro por tentativa de golpe de Estado, chamando o processo de “desgraça internacional”.

Trump também criticou decisões do Supremo Tribunal Federal (STF) que resultaram na remoção de publicações consideradas atentatórias à democracia.

Segundo Alberto Ramos, iretor de pesquisa macroeconômica para a América Latina do Goldman Sachs, a carta enviada ao Brasil “é a mais singular entre as que foram recentemente remetidas a diversos países”, justamente por começar com menção ao ex-presidente Jair Bolsonaro ao invés de uma caracterização da dinâmica comercial entre os países.

O anúncio de taxação ocorre ainda após reunião dos Brics no fim de semana, que já vinha sendo alvo de ataques de Trump.

No início da semana, o presidente americano disse que aplicaria uma tarifa adicional de 10% a qualquer país que se alinhasse com “as políticas antiamericanas do Brics”, sem especificar um alvo específico.

Leia também: Trump diz que vai impor tarifas de 50% sobre produtos brasileiros a partir de agosto

Impactos para o Brasil

Caso a ameaça de Trump ao Brasil seja implementada, o Goldman Sachs calcula que haveria um impacto de 0,3 a 0,4 ponto no Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro.

A estimativa, que não leva em conta nenhuma grande retaliação por parte do Brasil, indica que a atividade econômica brasileira pode ser prejudicada em um momento em que já se espera uma desaceleração do PIB.

Em um segundo relatório, o banco americano estima as empresas que mais podem ser impactadas pelas tarifas.

Entre elas, Suzano (SUZB3), que têm 19% de suas vendas líquidas destinadas aos Estados Unidos, e CSN (CSNA3), que têm 5% dos envios de aço direcionados ao país.

As ações da Suzano operavam em queda de 0,80% por volta das 15h45, com leve alta de 0,08%, enquanto as da CSN subiam 4,70% acompanhando a alta de 3,67% do minério de ferro na bolsa chinesa de Dalian.

Na bolsa brasileira, a exportadora de carnes Minerva (BEEF3) estava entre as maiores baixas do dia, com queda de 2,74% - que chegou a superar 7% pela manhã. As ações da WEG (WEGE3) tinham perda de 0,52%.

A Embraer (EMBR3) também estava entre os destaques negativos do dia, com queda de 3,58% no mesmo horário.

Para o BTG Pactual, a implementação da tarifa adicional seria “inevitavelmente má notícia para a Embraer, que também investe pesadamente na região dos EUA” – o país representa 60% das vendas totais da empresa, que tem jatos comerciais e executivos entre seus principais produtos.

Entre as ações de maior peso no índice, as preferenciais da Petrobras (PETR4) recuavam 0,37% e ajudavam a dar a “toada negativa” do Ibovespa.

No caso da petroleira, o BTG estima que as medidas de Trump tenham impacto neutro, já que a estatal tem apenas 4% da exportação de petróleo direcionada aos Estados Unidos.

“Entretanto, caso haja reciprocidade tarifária do lado brasileiro, esperamos um impacto ligeiramente negativo na Petrobras, pois isso poderia aumentar os custos de importação para as refinarias nacionais, e um impacto neutro para os independentes, já que atualmente eles não importam petróleo e produtos combustíveis”, afirmaram os analistas em relatório.

-- Com informações da Bloomberg News.

-- Matéria atualizada às 15h30 de quinta-feira (10 de julho).

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