Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda nesta segunda-feira (1º), em uma sessão marcada pelo menor apetite ao risco nos mercados globais enquanto investidores avaliam as expectativas sobre os juros no exterior e no Brasil.
O principal índice da B3 caiu 0,29%, aos 158.611 pontos, interrompendo um rali dos pregões anteriores.
Já o dólar comercial se valorizou e encerrou com alta de 0,24%, cotado a R$ 5,35.
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Investidores globais reagiram aos sinais do presidente do Banco do Japão (BOJ), Kazuo Ueda, de que seu conselho pode elevar os juros em breve.
O banco central “considerará os prós e os contras de elevar a taxa básica de juros e tomará as decisões conforme apropriado”, analisando a economia, a inflação e os mercados financeiros nacionais e internacionais, disse Ueda em um discurso para líderes empresariais em Nagoya, no Japão, nesta segunda-feira.
Economistas do BNP Paribas escreveram em nota que o discurso de Ueda foi “quase um aviso prévio” para um aumento dos juros em dezembro, enquanto economistas do Barclays e do JPMorgan Securities anteciparam suas previsões de aumento do juro para este mês, depois de anteriormente apontarem janeiro.
Após as declarações de Ueda, operadores passaram a ver probabilidade de cerca de 76% de um aumento dos juros neste mês, segundo um índice de swaps overnight. Isso representa aumento em relação aos cerca de 58% na sexta-feira, com a probabilidade subindo para cerca de 94% para um movimento até janeiro.
Os títulos de dívida do governo japonês despencaram. O rendimento dos títulos com vencimento em dois anos subiu para o nível mais alto desde 2008, enquanto os rendimentos dos títulos de cinco anos e dos títulos de referência de 10 anos subiram pelo menos 6,5 pontos-base cada, para 1,375% e 1,87%, respectivamente. O iene avançou até 0,5%, para 155,4 em relação ao dólar.
O movimento dos títulos japoneses, que são uma referência para os mercados e concorrem os Treasuries, dos EUA, teve reflexos para os mercados mundo afora, com aumento dos juros e queda das ações e de ativos considerados de maior risco, como o bitcoin.
A divulgação de dados que mostraram queda na atividade na indústria dos Estados Unidos em novembro, com enfraquecimento dos pedidos, também pesaram nos mercados.
No Brasil, os investidores reagiram ainda a declarações do presidente do Banco Central, Gabriel Galípolo, de que o mercado de trabalho continua aquecido no país, o que demanda uma postura conservadora na política monetária.
Enquanto isso, na agenda do dia, o Boletim Focus apontou queda nas projeções de inflação para 2025 e 2026. Economistas consultados pelo Banco Central agora veem o IPCA em 4,43% ao final deste ano e de 4,17% no fim do ano que vem. A meta do Banco Central é de uma inflação anual de 3%, com um intervalo de tolerância de 1,5 ponto para cima ou para baixo.
Entre os ativos, as ações da Itaúsa (ITSA4) recuaram 0,57% e foram a principal influência negativa em volume, junto com os papéis do Itaú Unibanco (ITUB4), que caíram 0,78% diante do cenário de cautela nos juros.
Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), BTG Pactual (BPAC11) e Santander Brasil (SANB11) também tiveram perdas, assim como a B3 (B3SA3).
Fora do setor financeiro, Rede D’Or (RDOR3), Sabesp (SBSP3) e MBRF (MBRF3) caíram e também pesaram sobre o desempenho do índice.
Na outra ponta, Vale (VALE3), WEG (WEGE3), Axia (AXIA3), Eneva (ENEV3) e Ambev (ABEV3) tiveram ganhos.
A Petrobras encerrou em alta depois de uma sessão com desempenho misto. As ações ordinárias (PETR3) subiram 0,63%, enquanto as preferenciais (PETR4) avançaram 0,19%.
-- Com informações da Bloomberg News
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