Ibovespa fecha em queda com sentimento de cautela no exterior; Petrobras e Vale caem

O mercado dos EUA pressionou o Ibovespa nesta sexta-feira; apenas seis ativos da bolsa brasileira fecharam a semana em alta

After Hours
12 de Abril, 2024 | 05:53 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 1,14%, aos 125.946 pontos, nesta sexta-feira (12), acompanhando o recuo dos índices em Nova York, enquanto investidores avaliam os riscos geopolíticos que fizeram as ações despencarem. Os temores também impulsionaram uma fuga para ativos mais seguros, como títulos americanos e o dólar (USDBRL). A cotação da moeda americana teve alta de 0,61% e era negociado a R$ 5,12 no fechamento.

O petróleo subiu, mas no Brasil, as ações da Petrobras (PETR3; PETR4) caíram 0,92% depois que o presidente do conselho da empresa foi destituído pela Justiça. A Vale (VALE3) caiu 0,37%. Os papéis da Eletrobras (ELET3; ELET6), contudo, se recuperaram da queda de quinta-feira e subiram 0,46%.

A Prio (PRIO3) avançou 2,13%, enquanto os bancos brasileiros foram afetados pela queda das ações de instituições financeiras nos EUA. O Bradesco (BBDC4) perdeu 1,25% e o Itaú (ITAUB4) caiu 1,04%.

Leia também: Bank of America e Deutsche Bank dizem que Fed não deve cortar juros antes de dezembro

PUBLICIDADE

Nos EUA, as ações tiveram seu pior dia desde janeiro após notícias de que Israel estava se preparando para um ataque do Irã a alvos do governo. Aproximadamente 40 lançamentos de foguetes foram identificados atravessando o território libanês, alguns dos quais foram interceptados, escreveram as Forças de Defesa de Israel em uma postagem no X (ex-Twitter). O presidente dos Estados Unidos, Joe Biden, disse que espera que o Irã ataque Israel mais cedo ou mais tarde — e sua mensagem ao Irã é “não” faça isso.

O S&P 500 caiu 1,5% na sexta-feira, com bancos e fabricantes de chips liderando as perdas. O índice registrou sua maior queda semanal em 2024. Os rendimentos dos títulos do Tesouro de 10 anos recuaram sete pontos-base, para 4,52%. Andrew Brenner, da NatAlliance Securities, também citou “cobertura maciça de posições vendidas” e bloqueio de taxas antes de uma esperada onda de emissão de dívida pelos bancos após os resultados.

Os títulos do Tesouro tiveram um forte rali, seguindo os piores dois dias do mercado desde fevereiro, nos quais os rendimentos atingiram máximas do ano após leituras de inflação reduzirem as expectativas de cortes nas taxas de juros pelo Federal Reserve este ano. Os rendimentos dos títulos de dois anos — que brevemente ultrapassaram 5% nesta semana — caíram na sexta-feira.

PUBLICIDADE

“O risco saiu do cardápio na sexta-feira”, disse Fawad Razaqzada, da City Index e Forex.com. “Os investidores estavam se afastando da exposição ao risco antes do fim de semana, temendo que os ativos de risco pudessem cair acentuadamente caso algo acontecesse.”

Um confronto direto entre Israel e Irã significaria uma escalada significativa do conflito no Oriente Médio e levaria a um aumento significativo nos preços do petróleo, de acordo com analistas do Commerzbank, incluindo Carsten Fritsch.

As tensões geopolíticas em escalada — mais recentemente no Oriente Médio, mas também incluindo ataques à infraestrutura energética russa pela Ucrânia — têm impulsionado a atividade otimista no mercado de opções de petróleo. Houve uma demanda elevada de opções de compra — que lucram quando os preços sobem — nos últimos dias, com volatilidade implícita aumentando.

José Torres, da Interactive Brokers, diz que os últimos desenvolvimentos ilustram como o sentimento do investidor e os altos valuations de ações são vulneráveis a conflitos geopolíticos, inflação persistente e preços do petróleo.

“Os investidores adiaram suas expectativas para o início do ciclo de flexibilização do Fed — com geopolítica possivelmente substituindo o Fed como um dos principais influenciadores da volatilidade do mercado”, disse.

- Com informações da Bloomberg News.