Ibovespa fecha em queda com preocupações com juros mais altos e recuo da Ambev

Expectativas de juros mais elevadas pesaram sobre o desempenho das ações nesta segunda; nos EUA, índices de NY fecharam mistos

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20 de Maio, 2024 | 06:28 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em queda de 0,31%, aos 127.751 pontos, nesta segunda-feira (20), com o sentimento de cautela dos investidores diante das expectativas de juros mais elevados no país. Com isso, o índice da bolsa brasileira não conseguiu sustentar os ganhos observados durante o dia. O dólar (USDBRL) operava estável, com alta de 0,01%, e era negociado a R$ 5,10 no fechamento.

O relatório Focus, do Banco Central, trouxe uma revisão para cima nas estimativas para a Selic em 2024, a terceira alta consecutiva. Economistas consultados pela autoridade monetária estimam agora uma taxa básica de 10% ao ano em dezembro, acima dos 9,75% esperados na semana passada.

As expectativas para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) de 2025 - principal alvo do Banco Central - também subiram: de 3,56% para 3,74%, se distanciando da meta de 3% da autoridade monetária.

O Focus desta semana vem após a ata do Copom e de falas recentes do presidente do BC, Roberto Campos Neto, vistas como hawkish, isto é, favoráveis a juros mais altos.

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A expectativa de juros mais altos, inclusive, fez o Santander Brasil (SANB11) cortar a projeção para o Ibovespa no fim do ano de 160.000 para 145.000 pontos, o que ainda implica upside (potencial de alta) de 13,15% ante o fechamento de sexta (17).

Economistas e operadores têm rapidamente aumentado as apostas em uma pausa nos cortes da taxa Selic em junho, conforme as expectativas de inflação apresentam deterioração, segundo a Bloomberg News.

A piora das estimativas de inflação significa que o Banco Central está agora sem espaço para novos cortes, segundo dois participantes de um grupo de analistas que participaram de uma reunião privada com os diretores da autoridade monetária, Diogo Guillen e Renato Dias Gomes, nesta segunda-feira.

Entre os ativos, a queda da Ambev (ABEV3) foi a que mais pesou para o desempenho no dia. IRB (IRBR3), Eletrobras (ELET3), TIM (TIMS3), Yduqs (YDUQ3) e 3R Petroleum (RRRP3) ficaram entre as maiores quedas.

A Vale (VALE3) fechou perto da estabilidade, e não conseguiu manter os ganhos em razão do preço do minério de ferro mais elevado. A commodity subiu pela terceira sessão seguida e voltou a ser negociado perto de US$ 120 a tonelada, na esteira do anúncio das medidas mais fortes de Pequim até agora para enfrentar a longa crise imobiliária na China.

Por outro lado, os papéis da Petrobras (PETR3; PETR4) subiram, reduzindo parte das sequências de perdas da semana passada depois da demissão de Jean Paul Prates como CEO da companhia. O Banco do Brasil (BBAS3) também avançou e a B3 (B3SA3) teve leve ganhos.

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A Braskem (BRKM5) subiu após a Justiça de São Paulo dar ganho de causa para uma ação movida por acionistas minoritários. Os autores alegam abuso de poder de controle por parte da Novonor (ex-Odebrecht), controladora da Braskem, e peguem que o grupo de Emílio Odebrecht pague uma indenização à petroquímica. Segundo a Braskem, as cifras somam cerca de R$ 5,5 bilhões, sem correção monetária e juros.

Com isso, os papéis da empresa ficaram entre as maiores altas, assim como as ações de CTEEP (TRPL4), MRV (MRVE3), Marfrig (MFRG3) e Eztec (EZTC3).

Nos Estados Unidos, o índice Nasdaq subiu e o S&P 500 teve leve alta, enquanto o Dow Jones caiu. Investidores aguaram a divulgação, na quarta-feira, da ata da última reunião do Fomc, após a redução das apostas em cortes dos juros americanos que levou pressão aos ativos de risco.

No noticiário corporativo, as expectativas recaem sobre a divulgação do balanço da Nvidia (NVDA), também programado para quarta-feira, o que pode dar sinais sobre o apetite da demanda ligada à inteligência artificial.

- Com informações da Bloomberg News.