Ibovespa fecha em alta com avanço de Petrobras e varejistas antes de decisão do Fed

Alta dos preços do petróleo ajudaram as ações de petroleiras, enquanto varejistas foram impulsionadas por perspectiva de que governo deve retirar MP dos créditos de PIS/Cofins

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11 de Junho, 2024 | 05:49 PM

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou em alta de 0,76%, aos 121.681 pontos, nesta terça-feira (11), com os investidores reagindo principalmente à alta dos preços do petróleo e a especulações de que o governo deve retirar a medida provisória que limita o uso de créditos do PIS/Cofins, o que contribuiu para o avanço das varejistas no pregão.

O dólar (USDBRL) subia 0,16% e era negociado a R$ 5,36 no final do pregão, à véspera da decisão de política monetária do Federal Reserve e da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) de maio, principal medida de inflação dos EUA.

As ações da Petrobras (PETR3; PETR4) e da Prio (PRIO3) subiram com a alta do preço do petróleo do mercado internacional e ficaram entre as principais contribuições positivas. 3R Petroleum (RRRP3), PetroRecôncavo (RECV3) e Eneva (ENEV3) também avançaram.

Os ganhos foram limitados pela queda da Vale (VALE3), principal contribuição negativa, diante do recuo do preço do minério de ferro. A cotação do minério em Singapura afundou para o nível mais baixo em dois meses, em meio a dúvidas sobre a eficácia dos esforços da China para aliviar a prolongada crise imobiliária do país. Suzano (SUZB3), Vamos (VAMO3), Embraer (EMBR3) e CSN (CSNA3) ficaram entre as maiores quedas.

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O Itaú Unibanco (ITUB4) subiu, recuperando parte das perdas da véspera, assim como demais bancos como Bradesco (BBDC4), Banco do Brasil (BBAS3), Santander Brasil (SANB11) e BTG Pactual (BPAC11).

O Magazine Luiza (MGLU3) e o Grupo Pão de Açúcar (PCAR3) avançaram e ficaram entre as maiores altas.

O presidente da Confederação Nacional da Indústria (CNI), Ricardo Alban, disse nesta terça-feira que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva prometeu que o governo vai retirar de tramitação ou devolver a medida provisória que limita o uso de créditos do PIS/Cofins, que vinha sendo alvo de críticas e pressões do setor produtivo.

Segundo fontes da Bloomberg News, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad considera retirar a medida do Congresso. A MP foi editada para compensar o impacto fiscal da desoneração da folha de pagamentos a alguns setores, enquanto o governo busca maneiras de reduzir o déficit fiscal.

Também nesta terça-feira, o Haddad disse a jornalistas que deve propor a Lula mudanças na forma de cálculo dos pisos para as despesas em saúde e educação. O crescimento dos gastos nessas áreas tem pressionado o orçamento.

IPCA de maio

Mais cedo, o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) teve aceleração para 0,46% em maio, após ter avançado 0,38% em abril. No ano, o IPCA passou a acumular alta de 2,27%; e, nos últimos 12 meses, de 3,93%. Até abril, a taxa em 12 meses estava em 3,69%.

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Economistas ouvidos pela Bloomberg previam avanço de 0,42% para o indicador na comparação mensal e de 3,88% na anual.

Os números podem complicar ainda mais os planos de cortes de juros pelo Banco Central, além dos problemas fiscais recentes que geram pressão inflacionária, segundo economistas.

“A resiliência da inflação de serviços corrobora nossa visão de que não há mais espaço para o Banco Central cortar juros neste ano”, disse laudia Moreno, economista do C6 Bank. “Com a piora contínua das expectativas de inflação medidas pelo Boletim Focus e depreciação recente do câmbio, acreditamos que o Copom interromperá o ciclo de cortes de juros na reunião da próxima semana. Projetamos alta de 4,7% para o IPCA de 2024 e taxa Selic estável em 10,5% até o fim do ano.”

Para Igor Cadilhac, economista do PicPay, a leitura do IPCA de maio foi pior do que o esperado, mas segue um cenário desinflacionário no curto prazo.

“Quando olhamos diferentes métricas, boa parte tem oscilado próximo à meta de 3,0% na média dos últimos 3 meses. A principal exceção fica com os itens mais sensíveis à força da economia e, portanto, relevantes para o Copom, que têm oscilado ao redor de 5%. Dito isso, aos olhos dos juros, fica claro que o nosso desafio não é a inflação corrente, mas as expectativas à frente”, disse em comentário a clientes.

Exterior

Nos Estados Unidos, os índices fecharam mistos, com avanço do S&P 500 e do Nasdaq e recuo do Dow Jones.

Uma sólida venda de US$ 39 bilhões em títulos do Tesouro dos EUA gerou especulações de que a leitura da inflação, que será divulgada nesta quarta-feira, ajudará a justificar um corte nas taxas de juros pelo Federal Reserve ainda este ano.

As grandes empresas de tecnologia lideraram os ganhos nas ações, com a Apple (AAPL) atingindo um recorde histórico. Os bancos permaneceram sob pressão e gigantes como JPMorgan Chase (JPM) e Citigroup (C) caíram.

-- Com informações da Bloomberg News.