Ibovespa cai, e dólar sobe após secretário dos EUA cancelar reunião com Haddad

Investidores aguardam plano de contingenciamento para socorrer setores afetados pelas tarifas impostas por Donald Trump ao Brasil

Por

Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) começou a semana em queda, com investidores de olho nos desdobramentos dos efeitos das tarifas dos Estados Unidos contra o Brasil.

O principal índice da B3 recuou 0,21%, aos 135.623 pontos.

O dólar, por sua vez, subiu 0,14%, cotado a R$ 5,44.

No âmbito das tarifas, pesou negativamente a notícia de que a reunião virtual entre o ministro da Fazenda Fernando Haddad e o secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Scott Bessent, foi cancelada.

A reunião pretendia debater as tarifas de 50% impostas pelo presidente americano, Donald Trump, sobre produtos brasileiros. Embora a lista de exceções chegue a quase 700 itens, produtos como carne e café continuam taxados.

Leia também: ‘Kit vítimas da IA’: Bank of America monta cesta com 26 ações mais ameaçadas

Em entrevista à Globo News, Haddad disse que a reunião foi cancelada devido à “militância antidiplomática das forças de extrema direita que atuam junto à Casa Branca”.

Filho do ex-presidente Jair Bolsonaro, o deputado Eduardo Bolsonaro está nos Estados Unidos e tem articulado para que o governo americano pressione o Judiciário e o governo brasileiro em benefício do pai, atualmente em prisão domiciliar.

Leia também: Reunião com secretário dos EUA foi cancelada, diz Haddad: ‘falta de disponibilidade’

O mercado aguarda ainda a divulgação do plano de contingenciamento anunciado pelo governo para socorrer setores afetados pelas tarifas de Trump.

O plano de contingenciamento deve ser apresentado nesta terça-feira (12) segundo o vice-presidente e ministro do Desenvolvimento, Indústria e Comércio, Geraldo Alckmin.

Leia também: Parcela recorde de gestores de fundos vê ações dos EUA caras, diz BofA

Nos Estados Unidos, os principais índices de ações fecharam em queda, com o S&P 500 recuando 0,25%.

O movimento de cautela ocorre antes da divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI) dos EUA em julho, que sai nesta terça-feira (12).

O dado deve fornecer mais informações sobre as perspectivas de taxas do Federal Reserve (Fed, o banco central americano), com temores de que a economia esteja oscilando à beira da estagflação.

“A inflação elevada pode atrasar os cortes de juros esperados, especialmente se o crescimento salarial e as pressões sobre os preços do setor de serviços persistirem”, disse Jay Woods, estrategista global da Freedom Capital Markets.

“Também pode fazer com que os discursos sobre recessão e estagflação se tornem mais fortes. Uma impressão em linha ou mais suave elevará o coro que pede um corte de juros mais iminente.”

Entre as ações, o foco ficou com a Nvidia (NVDA) e a Advanced Micro Devices (AMD), que concordaram em pagar 15% de suas receitas de vendas de chips para a China ao governo dos Estados Unidos como parte de um acordo com a administração Trump para garantir licenças de exportação.

A informação, adiantada pelo Financial Times, foi confirmada pela Bloomberg News.

A Nvidia planeja compartilhar 15% da receita das vendas de seu chip H20 na China e a AMD entregará a mesma parcela das receitas do MI308, acrescentou a pessoa, que pediu anonimato para discutir deliberações internas.

Os papéis da Nvidia tiveram queda de 0,37% enquanto os da AMD caíram 0,28%.