Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) recua na manhã desta quinta-feira (21), em linha com as bolsas globais, diante do sentimento de maior aversão ao risco.
Mais do que a decisão de política monetária do Federal Reserve anunciada ontem (20), que manteve a taxa de juros inalterada no intervalo de 5,25% a 5,50%, os investidores repercutem o discurso mais “hawkish” do presidente Jerome Powell.
Em coletiva de imprensa, Powell disse que os membros do BC americano querem ter certeza de que a queda da inflação é um processo consistente antes de dizerem com todas as letras que o ciclo de alta dos juros já chegou ao fim.
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“Precisamos ver mais progresso nos dados antes de chegar à conclusão de que estamos em um patamar suficientemente restritivo de juros”, disse ele. “Queremos ver se as leituras positivas de inflação nos últimos três meses prosseguirão.”
Segundo a Guide Investimentos, o que mais incomodou o mercado no gráfico de pontos não foi a sinalização de uma alta adicional, mas um aumento das taxas para os próximos anos, o que mostra que uma parte dos dirigentes está vendo a manutenção de uma taxa restritiva por tempo prolongado.
Por volta das 10h10 (horário de Brasília), o Ibovespa recuava 1,49%, aos 116.931 pontos. A sessão também era de baixa para commodities, o que puxava para baixo o desempenho de blue chips como a Vale (VALE3).
A busca por ativos considerados “mais seguros” contribuía para uma valorização do dólar ante o real. A moeda americana subia 0,95% e era cotada a R$ 4,93 no mesmo horário.
As atenções também estão voltadas para a Europa. Na Inglaterra, a libra caiu depois que o banco central (BoE) optou por manter as taxas de juros inalteradas em meio a crescentes preocupações com a economia e sinais de que a inflação está recuando.
Por aqui, os investidores seguem analisando a decisão do Banco Central de cortar novamente a Selic em 0,50 ponto percentual, para 12,75% ao ano, conforme o esperado.
No comunicado, a autoridade monetária afirmou que “a evolução do processo de desinflação, os cenários avaliados, o balanço de riscos e o amplo conjunto de informações disponíveis” levaram à decisão.
O texto também afirmou que, “em se confirmando o cenário esperado, os membros do Comitê, unanimemente, anteveem redução de mesma magnitude nas próximas reuniões”.
Segundo a XP Investimentos, o comunicado trouxe elementos “hawkish” e “dovish” para o cenário de inflação: por um lado, citou que a cena internacional se tornou mais incerta e a atividade brasileira tem surpreendido para cima, “apesar de ponderar que continua esperando desaceleração nos próximos trimestres”. Por outro lado, escrevem os analistas, o BC citou que as medidas de inflação subjacente têm cedido recentemente.
Na agenda do dia, investidores monitoram dados de novos pedidos de auxílio-desemprego nos Estados Unidos, além de vendas de moradias usadas em agosto e o índice de indicadores antecedentes (C. Board) para o mesmo mês.
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