Bloomberg Línea — O Ibovespa (IBOV) fechou esta terça-feira (19) em queda com investidores receosos com os desdobramentos das tensões entre Estados Unidos e Brasil diante do imbróglio ao redor da Lei Magnitsky.
O principal índice da B3 recuou 2,10%, aos 134.432 pontos.
Já o dólar subiu 1,19%, cotado a R$ 5,50. O real teve o pior desempenho do dia entre as moedas emergentes.

A bolsa recuou e a moeda americana ganhou força após o governo americano ter rebatido a decisão do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), Flávio Dino, de que as leis estrangeiras não possuem validade imediata no país.
Dino decidiu na segunda-feira (18) que ordens judiciais e executivas de governos estrangeiros precisam ser homologadas no Brasil para ter eficácia.
O despacho foi dado em processo sobre o desastre de Mariana e busca blindar o ministro Alexandre de Moraes do efeito da Lei Magnitsky – que proíbe as instituições privadas sob seu controle de ter vinculação com pessoas físicas atingidas pela lei.
Os receios sobre uma reação americana cresceram, depois que o governo dos EUA respondeu à decisão do ministro, dizendo que nenhum tribunal pode anular as sanções do país ou proteger um indivíduo das consequências do seu descumprimento.
O maior impacto negativo veio dos bancos, que recuaram em bloco. A maior baixa veio do Banco do Brasil (BBAS3), que caiu 6%.
BTG Pactual (BPAC11) recuou 3,48%, Bradesco (BBDC4) teve baixa de 3,43% e Itaú (ITUB4) caiu 3,05%.
No exterior, houve uma correção nos preços das grandes empresas de tecnologia, que derrubou os índices de ações – um lembrete da estreita dependência do mercado americano das big techs.
O Nasdaq 100 caiu 1,46% — sua segunda pior queda desde o choque tarifário de abril — liderado pelo recuo de 3,5% da Nvidia (NVDA).
Essa pressão anulou os ganhos de mais de 350 ações do S&P 500, que caiu 0,59% e expôs a fragilidade de um índice sustentado por megacaps.
Os investidores aguardam ainda o simpósio anual do Federal Reserve (Fed, banco central americano) de Kansas em Jackson Hole, Wyoming.
O evento começa na quinta-feira (21) e o presidente do Fed, Jerome Powell, irá discursar na sexta-feira (22).
A expectativa é que Powell adiante a estratégia que o banco central usará para atingir suas metas de inflação e emprego.
O presidente do Fed também pode dar algumas dicas sobre os bastidores antes da reunião de política monetária de setembro.
O BC americano manteve as taxas de juros inalteradas em todas as reuniões deste ano, enquanto aguardam para ver como as tarifas do governo Trump impactam a economia.
-- Com informações da Bloomberg News
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