Futuros em NY sobem com negociações comerciais e decisão do Fed no radar

“Tudo isso indica que a pressão externa está começando a diminuir”, disse Aidan Yao, estrategista sênior de investimentos para a Ásia no Amundi Investment Institute, à Bloomberg Television.

Ações globais ampliam perdas com tarifaço de Trump e aversão a riscos |
07 de Maio, 2025 | 06:50 AM

Bloomberg — Os futuros dos EUA operam em alta nesta quarta-feira (7), impulsionados pelo otimismo de que as tensões entre as duas maiores economias do mundo possam diminuir após o anúncio de novas negociações comerciais entre China e Estados Unidos.

Os contratos futuros do S&P 500 e do Nasdaq 100 avançaram 0,5% com a notícia de que autoridades dos dois países se reunirão nesta semana na Suíça.

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As ações na Ásia também subiram após a China reduzir sua taxa de juros para estimular a economia.

Os rendimentos dos Treasuries caíram, enquanto o ouro recuou 1,3%. Já as bolsas europeias tiveram leve queda, pressionadas por perdas no setor farmacêutico após a Novo Nordisk cortar sua previsão de vendas.

O rupia indiana enfraqueceu 0,1%, e as ações em Mumbai ficaram praticamente estáveis, com investidores olhando além dos ataques militares entre Índia e Paquistão e focando nas negociações comerciais.

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Na terça-feira, Índia e Reino Unido fecharam um acordo comercial histórico. Já o índice de referência da bolsa do Paquistão chegou a cair até 6%.

O encontro entre EUA e China será a primeira negociação comercial confirmada desde que o presidente Donald Trump impôs tarifas abrangentes no mês passado, incluindo sanções pesadas sobre produtos chineses.

Apesar de o alívio nas tensões comerciais oferecer uma trégua temporária aos mercados antes da decisão do Federal Reserve nesta quarta-feira, novos ralis dependerão de avanços concretos nas conversas.

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Os traders esperam que o Fed mantenha os juros inalterados enquanto avalia os impactos da guerra comercial sobre o crescimento econômico e a inflação.

“Estou mais do que confortável em continuar com minha estratégia de vender nos ralis, por enquanto”, disse Michael Brown, estrategista sênior da Pepperstone Group.

“O mercado aparentemente foi iludido por uma falsa sensação de segurança com a calmaria relativa nas tarifas na semana passada, ignorando a persistente incerteza econômica e política e esquecendo que ainda não existe um ‘Fed put’ pronto para resgatar os mercados”, completou.

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Trump impôs tarifas de até 145% sobre diversos produtos chineses, e Pequim retaliou com taxas de até 125% sobre mercadorias americanas. As medidas levaram muitas empresas a suspender projeções de lucro e aumentaram o risco de alta nos preços de equipamentos industriais e itens do dia a dia, como roupas e brinquedos.

O secretário do Tesouro dos EUA, Scott Bessent, afirmou em entrevista à Fox News que as tarifas atuais são insustentáveis. Segundo ele, as conversas previstas para sábado e domingo terão como foco a redução das tensões, e não um grande acordo comercial. “Precisamos diminuir a escalada antes de seguir em frente”, disse.

Na terça-feira, Trump afirmou que ele próprio definiria os níveis tarifários e concessões comerciais para parceiros que quiserem evitar tarifas mais altas, sinalizando um afastamento da ideia de negociações recíprocas.

“Tudo isso indica que a pressão externa está começando a diminuir”, disse Aidan Yao, estrategista sênior de investimentos para a Ásia no Amundi Investment Institute, à Bloomberg Television.

“Com sorte, a negociação será bem-sucedida e levará a uma redução tangível nas tarifas.”

Em outras notícias sobre tarifas, a União Europeia planeja impor tarifas adicionais sobre cerca de €100 bilhões (US$113 bilhões) em produtos americanos caso as atuais negociações comerciais não resultem em um desfecho satisfatório para o bloco, segundo fontes próximas ao assunto.

As medidas de retaliação propostas devem ser apresentadas aos Estados-membros já nesta quarta-feira, e as consultas durarão um mês antes da finalização da lista, disseram as fontes sob condição de anonimato, devido à natureza confidencial dos planos.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de quarta-feira (07 de maio):

- Tarifas impactam demanda. A Shein e a Temu registraram quedas de dois dígitos nas vendas na semana seguinte ao aumento dos preços de varejo para cobrir os custos do aumento das tarifas dos EUA, um sinal de que as medidas de Trump afetaram a popularidade das plataformas de compras.

- Elétricos impulsionam BMW. Os lucros da montadora alemã caíram, mas menos do que o projetado por analistas, com a margem da divisão automotiva atingindo 6,9%. O forte crescimento das vendas de elétricos na Europa ajudou a compensar a demanda fraca na China.

- Tesla segue em queda. A montadora de Musk voltou a registrar queda nas vendas de veículos fabricados na China em abril, enquanto sua principal rival, a BYD, segue em trajetória de crescimento. A Tesla enviou 58.459 unidades de Xangai no mês passado, volume 6% inferior ao de abril de 2024.

Ações globais 07/05/25
🔘 As bolsas ontem (06/05): Dow Jones Industrials (-0,95%), S&P 500 (-0,77%), Nasdaq Composite (-0,87%), Stoxx 600 (-0,18%), Ibovespa (+0,02%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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Naiara Albuquerque

Formada em jornalismo pela Fáculdade Cásper Líbero, tem mestrado em Ciências da Comunicação pela Unisinos, e acumula passagens por veículos como Valor Econômico, Capricho, Nexo Jornal e Exame. Na Bloomberg Línea Brasil, é editora-assistente especializada na cobertura de agronegócios.