Futuros dos EUA sobem com trégua entre Trump e Xi e expectativa sobre corte do Fed

Investidores aguardam dado de inflação e apostam que o Fed iniciará cortes já na próxima semana

NO RADAR DOS MERCADOS
24 de Outubro, 2025 | 06:56 AM

Bloomberg — Os futuros das ações dos EUA operam em alta nesta sexta-feira (24) com o alívio das tensões comerciais e as apostas dos investidores em cortes de juros pelo Federal Reserve.

Os contratos do S&P 500 avançaram cerca de 0,2% após o rali liderado por ações de tecnologia em Wall Street colocar o índice a caminho do segundo ganho semanal acima de 1%.

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Os futuros do Nasdaq 100 subiram 0,4%. As ações da Intel dispararam no pré-mercado em Nova York após uma previsão otimista de receita, enquanto a Newmont caiu depois que suas projeções decepcionaram os investidores.

Com o mercado precificando um corte de juros do Fed na próxima semana e os Treasuries a caminho do melhor desempenho mensal desde fevereiro, os investidores provavelmente ignorarão sinais de inflação persistente no relatório do índice de preços ao consumidor, que será divulgado nesta sexta-feira após mais de três semanas sem dados por causa da paralisação do governo dos EUA.

Os rendimentos dos Treasuries e o índice do dólar estavam estáveis.

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“Independentemente do resultado, ele não impedirá o FOMC de entregar um corte de 25 pontos-base na próxima semana ou na reunião de dezembro, embora possa haver alguma volatilidade inicial quando os dados forem divulgados”, disse Michael Brown, estrategista sênior da Pepperstone Group.

O índice Stoxx Europe 600 apagou ganhos iniciais em meio a balanços mistos e dados econômicos contrastantes da Alemanha e da França, as duas maiores economias da região. Enquanto a atividade empresarial na Alemanha acelerou, o índice de gerentes de compras composto da França caiu inesperadamente, levando o índice CAC 40 a recuar.

Entre as empresas que divulgaram resultados, Sanofi, NatWest Group, Holcim e Saab subiram após superarem estimativas, enquanto Norsk Hydro e Signify caíram após resultados abaixo do esperado.

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A forte temporada de balanços até agora ajudou os mercados a resistir às tensões geopolíticas e comerciais.

Com cerca de um quarto das empresas já tendo divulgado resultados, o crescimento anual do lucro por ação foi de 4% na Europa e 14% nos EUA, acima das previsões, segundo estrategistas do Barclays.

O verdadeiro teste virá com os resultados das gigantes de tecnologia na próxima semana — Alphabet e Meta Platforms reportam em 29 de outubro e a Apple Inc. no dia seguinte.

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“Não acreditamos que o período de volatilidade tenha terminado; o sentimento de mercado ainda parece frágil”, disse Mohit Kumar, economista-chefe da Jefferies International.

“O posicionamento dos investidores mostra sinais de correção, mas ainda permanece otimista. Por isso, mantemos uma postura de baixo risco por agora, com uma visão otimista de médio prazo.”

O sentimento do mercado foi impulsionado pelo anúncio da Casa Branca de que o presidente Donald Trump se reunirá com o líder chinês Xi Jinping na próxima quinta-feira, à margem da cúpula da APEC — o primeiro encontro presencial desde o retorno de Trump ao poder.

“A confirmação da reunião entre Xi e Trump deu ao mercado um motivo claro para um rali de alívio hoje”, disse Hebe Chen, analista da Vantage Markets, em Melbourne. “Não por esperança de uma relação mais calorosa entre EUA e China, mas pela percepção de que qualquer progresso é melhor do que um impasse, e que um novo acordo antes do prazo de trégua agora parece mais alcançável.”

Outros conflitos comerciais, porém, continuam. Trump suspendeu todas as negociações tarifárias com o Canadá, citando uma propaganda canadense contrária ao seu plano de tarifas, que usava a voz do ex-presidente Ronald Reagan. Os títulos canadenses caíram e a moeda local enfraqueceu.

O petróleo Brent se manteve acima de US$ 65 por barril após subir mais de 5%, impulsionado pelas sanções de Trump contra produtores russos. Já o ouro caminha para encerrar uma sequência de nove semanas de alta, caindo abaixo de US$ 4.100 por onça e acumulando uma perda semanal superior a 3%, a maior desde maio.

Veja a seguir outros destaques desta manhã de sexta-feira (24 de outubro):

- Risco de exclusão com IA. O ex-presidente do UBS, Axel Weber, alertou que a inteligência artificial pode criar uma nova elite global com potencial de ampliar as desigualdades e eliminar empregos. Ele defendeu durante o Bund Summit, em Xangai, que governos adotem políticas para evitar a exclusão no mercado de trabalho.

- Crise dos chips nas automotivas. A fornecedora de componentes automotivos encontrou substitutos para mais de 95% dos chips da Nexperia, o que reduz o risco de paralisações na produção. Mesmo com alternativas, montadoras como Volkswagen e ZF seguem em alerta.

- Sanofi supera previsões. O lucro da empresa superou as estimativas no terceiro trimestre, com impulso das vendas que somaram € 4,16 bilhões do medicamento Dupixent, usado para tratar dermatite e asma. A farmacêutica reiterou o seu guidance anual, apesar da queda nas vedas com vacinas.

Ações globais 24/10/25
🔘 As bolsas ontem (23/10): Dow Jones Industrials (+0,31%), S&P 500 (+0,58%), Nasdaq Composite (+0,89%), Stoxx 600 (+0,37%), Ibovespa (+0,59%)

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-- Com informações da Bloomberg News.

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