Bloomberg Línea — O Federal Reserve (Fed) decidiu reduzir a taxa de juros de referência dos Estados Unidos em 0,25 ponto percentual, levando a taxa ao intervalo de 4,00% a 4,25%, como esperado pela maioria do mercado.
O anúncio foi feito na tarde desta quarta-feira (17) e expressou uma preocupação do banco central americano com o mercado de trabalho do país e uma mudança de orientação após a manutenção da taxa diante da inflação, sob efeito potencial de alta decorrente das tarifas impostas pelo presidente Donald Trump.
“Indicadores recentes sugerem que o crescimento da atividade econômica ficou moderado no primeiro semestre do ano. A criação de empregos desacelerou e a taxa de desemprego subiu ligeiramente, mas permanece baixa. A inflação subiu e permanece relativamente elevada”, disse o Fed em comunicado.
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Onze dos doze integrantes do FOMC (Comitê Federal de Mercado Aberto) votaram a favor do corte de 0,25 ponto; a exceção foi o estreante Stephen Miran, que tomou posse na véspera (leia mais abaixo) como indicado de Trump: ele defendeu uma redução de 50 pontos base.
Índices de ações que operavam com ganhos, caso do S&P 500 e do Nasdaq Composite, passaram a cair minutos depois do anúncio da decisão - e recuperaram parte das perdas depois. No Brasil, o Ibovespa, por sua vez, acelerou a alta e passou a subir perto de 1,50%, acima do inédito patamar de 146.000 pontos.
A mudança na política monetária ocorre também em meio à pressão de Trump, que, desde que assumiu o governo no fim de janeiro, cobra uma redução dos juros - e nesta semana pediu um “grande corte”.
Antes da decisão do Fed, operadores ampliaram as apostas em opções de que o Fed realizará um corte de pelo menos 0,50 ponto percentual na taxa de juros ao longo das três reuniões de política monetária restantes deste ano.
Nesta quarta-feira, investidores vão prestar atenção especialmente à postura do presidente do Fed, Jerome Powell, na tradicional entrevista coletiva que se segue ao anúncio; e agora analisam novas projeções econômicas em busca de pistas sobre a provável trajetória das taxas de juros nos próximos meses.
Observadores do Fed esperam que visões divergentes sobre emprego e inflação impeçam as autoridades de prometerem um ritmo agressivo de cortes nas taxas de juros ao longo do ano.
“Cada corte é mais difícil do que o anterior, a menos que o mercado de trabalho mostre sinais de deterioração contínua”, disse Aditya Bhave, economista sênior do Bank of America para os EUA.
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Divergências e disputa jurídica
Embora a decisão do banco central sobre a taxa de juros seja o foco principal de muitos observadores do Fed, circunstâncias extraordinárias que envolve a composição do Comitê Federal de Mercado Aberto e que dominaram as notícias antes da reunião.
Miran, indicado pelo presidente para preencher uma vaga no banco central, tomou posse na manhã de terça-feira (16), bem a tempo do encontro.
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Miran foi criticado por se recusar a renunciar ao cargo de presidente do Conselho de Assessores Econômicos da Casa Branca. Em vez disso, ele tirou licença não remunerada, o que abriu questionamentos sobre seu compromisso de agir de forma independente enquanto estiver no Fed.
Enquanto isso, um tribunal de apelações dividido decidiu na noite de segunda-feira (15) que a diretora do Fed Lisa Cook poderia continuar no banco central enquanto sua ação judicial contesta a decisão de Trump de demiti-la.
O governo Trump pretende pedir à Suprema Corte que permita que o presidente a destitua devido a alegações de fraude hipotecária, o que Cook negou.
-- Com informações da Bloomberg News.
-- Em atualização.
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