Bloomberg — A Opep+ concordou com uma nova rodada de aumentos de produção de petróleo a partir do mês que vem, à medida que o grupo amplia uma mudança de política em direção a volumes mais altos após anos de defesa dos preços.
Em uma reunião que durou 11 minutos, os principais membros da aliança aprovaram o acréscimo de cerca de 137 mil barris por dia a partir de outubro, durante uma reunião por meio de vídeo neste domingo (7), à medida que aceleram a redução de seu próximo nível de cortes de fornecimento.
O grupo de exportadores mais a Rússia disse em comunicado que devolverá todo, ou parte de 1,65 milhão de barris por dia, sem apresentar um período ou incrementos, a depender das condições do mercado. Os delegados disseram que isso será adicionado em etapas mensais até setembro do próximo ano.
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A Organização dos Países Exportadores de Petróleo e seus parceiros surpreenderam os mercados de petróleo nos últimos meses ao reativar 2,2 milhões de barris de produção interrompida um ano antes do previsto, em uma tentativa de recuperar a participação no mercado, apesar das expectativas generalizadas de um excesso de oferta que se aproxima. Essa restauração acaba de ser concluída.
Os preços do petróleo bruto caíram 12% neste ano, pressionados pelo aumento da produção dos países da Opep+ e de outros países, e com a guerra comercial do presidente dos EUA, Donald Trump, que pesa sobre a demanda.
No entanto, de modo geral, o mercado tem se mostrado surpreendentemente resistente à mudança de estratégia da aliança, o que proporciona à Arábia Saudita e a seus aliados mais confiança para devolver ainda mais barris.
O grupo espera que um novo aumento nos volumes de vendas compense qualquer impacto sobre as receitas decorrente de preços mais baixos, disse um delegado, sinalizando uma reversão da estratégia que a Opep+ tem adotado desde sua criação há quase uma década.
É provável que novos aumentos de produção agradem a Trump, que tem pedido repetidamente preços mais baixos do petróleo para ajudar a controlar a inflação e pressionar a Rússia a encerrar sua guerra contra a Ucrânia.
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O príncipe herdeiro da Arábia Saudita, Mohammed bin Salman, deve visitar Washington em novembro para se encontrar com o presidente dos EUA.
Volumes menores
No entanto é provável que o volume real seja menor do que o anunciado, já que alguns membros do grupo enfrentam pressão para compensar o excesso de oferta anterior e renunciar à sua parcela de aumentos de produção, enquanto vários países não têm capacidade ociosa.
É provável que a decisão coloque um novo foco nos níveis de produção não utilizados disponíveis em diferentes membros da Opep+, já que os países que não podem bombear mais não se beneficiarão totalmente do aumento das cotas, enquanto enfrentam a pressão adicional de preços mais baixos.

A decisão do grupo ocorre em um cenário de alertas crescentes de que o mercado de petróleo caminha para um quadro de excesso de oferta significativo com o fim da temporada de verão no hemisfério Norte.
A Agência Internacional de Energia (AIE), em Paris, prevê um excesso recorde de oferta no próximo ano, em meio à queda do consumo na China, que tem impulsionado o crescimento da demanda há décadas, e ao aumento da produção nas Américas - dos EUA e do Canadá ao Brasil e à Guiana.
O Goldman Sachs prevê que o barril do Brent pode cair para a casa dos US$ 50 em 2026.
Antes dessa última medida, a Opep+ havia concordado em restaurar 2,2 milhões de barris por dia em uma série de aumentos acelerados entre abril e setembro - um ano antes do programado anteriormente.
As autoridades do grupo já haviam dado uma série de explicações para a “abertura das torneiras”, desde a tentativa de disciplinar membros com excesso de produção, como o Cazaquistão, até aplacar as exigências de Trump por preços mais baixos e recuperar volumes de vendas cedidos a rivais, como as perfuradoras de xisto dos EUA.
Para os mercados globais de petróleo no longo prazo, a medida da Opep+ serve para “corroer” uma rede de segurança de longa data de produção ociosa que poderia ser trazida de volta para amortecer choques de fornecimento imprevistos.
E a decisão deste domingo representaria mais uma reviravolta inesperada do ministro saudita da Energia, o príncipe Abdulaziz bin Salman, que tem um histórico de surpresas para enganar os especuladores.
No início da semana, a maioria dos traders e analistas de petróleo pesquisados pela Bloomberg News previu que os oito principais países da Opep+ manteriam a produção estável na reunião de domingo, antes de surgirem relatos de que o grupo consideraria um aumento.
-- Com a colaboração de Ben Bartenstein.
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